Câmara de Lisboa lança campanha de alerta telefónico para socorro a idosos

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Desde o início do ano, só em Lisboa, foram encontrados dez idosos mortos em casa Daniel Rocha

"Basta telefonar, que o socorro vai logo a caminho. Nós temos os meios, temos é que ser avisados para uma situação de risco que precisa de auxílio urgente", disse ontem ao PÚBLICO o vereador Manuel Brito, no final de uma reunião que juntou a Protecção Civil municipal, os Sapadores Bombeiros e a vereadora da Acção Social, Helena Roseta.

O caso das duas mulheres, de 74 e 80 anos, encontradas mortas, anteontem, no apartamento onde viviam na Travessa do Convento de Jesus, fez aumentar para dez o número de óbitos, só em Lisboa, desde o início do ano. Todos com a particularidade de se verificarem em circunstâncias semelhantes: a falta de assistência.

"A acção que vamos desenvolver apelará à sensibilização de todos, principalmente dos vizinhos e familiares, mas também das juntas de freguesia, farmácias, todos quantos saibam que há idosos sem assistência que residam nas redondezas, para que nos alertem para situações de risco", salientou Manuel Brito, que acrescentou: "Mas precisamos que nos telefonem ao mínimo sinal suspeito. Assim que ligarem o número de socorro dos bombeiros - 808215215 -, são accionadas as equipas de abertura de porta e socorro ou do Núcleo de Intervenção Social e Apoio ao Cidadão. Sempre que há aviso, há salvamento".

Em 2011, os Sapadores Bombeiros receberam 1511 chamadas para abertura de porta com socorro. Nestas intervenções foram salvas 1129 pessoas que precisavam de apoio e resolvidas 303 situações de risco (como fogões acesos ou outras), mas 79 pessoas foram encontradas já mortas nos seus apartamentos. No ano anterior, tinham sido 60.

O relatório da PSP sobre as duas irmãs idosas encontradas mortas no seu apartamento na freguesia das Mercês, em Lisboa, refere não existirem indícios visíveis de crime, revelou ontem à Lusa fonte policial. Isto porque as "janelas e as portas para o exterior estavam todas fechadas e trancadas por dentro" e estavam em casa cadernetas bancárias e algum dinheiro.

As duas irmãs não tinham mais familiares e já não eram vistas desde o início do ano. Foi um vizinho que alertou a PSP por estranhar a ausência de ambas. Os bombeiros forçaram a entrada no apartamento e encontraram os cadáveres das mulheres já em estado de decomposição.

Segundo a subcomissária da PSP, Carla Duarte, "a irmã mais nova morreu e a outra deixou de receber assistência, tendo acabado por falecer", com fome e sede. A mulher de 80 anos estava acamada e era a irmã, doente com cancro, que lhe prestava assistência.

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