Universitários protestam em Lisboa contra corte no passe sub-23

A acção de protesto, convocada pela Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (AEFLUL), iniciou-se junto à estação de metro da Cidade Universitária e terminou na estação de comboios de Entrecampos, sendo acompanhada de perto por elementos da PSP.

Empenhando cartazes e uma faixa, a meia centena de estudantes gritou por várias vezes que “o passe é um direito” e que “não é para cortar”. O passe escolar sub-23 destina-se aos estudantes do ensino superior, público ou privado, até aos 23 anos.

Alexandre Tavares, da AEFLUL, afirmou que os estudantes não estão dispostos a “perder o passe”, uma vez que muitos deles “dependem desta ajuda para poder continuar a estudar”.

“Este anos milhares de estudantes já foram forçados a abandonar o ensino superior. Esta medida vai fazer com que ainda mais estudantes desistam porque não vão conseguir suportar os elevados custos”, alertou.

A opinião foi partilhada por dois estudantes universitários que a Lusa ouviu e que se mostraram bastante apreensivos com a eventual extinção do passe sub-23.

“Se acabar fico numa situação muito delicada. Em minha casa somos três irmãos a estudar e assim a minha mãe terá de pagar o dobro do valor para os três. Não quero deixar de estudar”, sublinhou Gonçalo Martins, estudante de Literatura na Faculdade de Letras.

Já Duarte Alves, estudante de Economia no Instituto de Economia e Gestão (ISEG), referiu que se ficar sem direito ao passe terá de pagar 160 euros por mês para poder ir de Torres Vedras para Lisboa.

“Vai ser um grande rombo no meu orçamento. A juntar ao custo do passe vai ser também o dos manuais escolares, das refeições. Qualquer dia fica mais barato ter uma casa em Lisboa”, atestou.

Na semana passada, também em declarações à Lusa, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, anunciou que os passes 4_18, sub-23 e sénior, que beneficiam actualmente de um desconto de 50%, vão passar a ter um desconto de 25% a partir de Fevereiro.

Esta redução vai vigorar até Junho mas, a partir de Julho, o desconto será feito “de acordo com os rendimentos do agregado familiar”, indicou o governante.

No entanto, os estudantes consideram que se trata de um adiamento ao corte total do passe sub-23 e, por isso, prometeram continuar a lutar.

“Essa mudança é uma ilusão para calar os estudantes. Eles sabem que a nossa luta pode derrotar esta medida”, afirmaram.