"Mr. president": Vasco Graça Moura

Talvez fiquemos um pouco mais conservadores no Centro Cultural de Belém: a escrever à antiga portuguesa e a ir à ópera de estola de marta. A Cultura volta a ser chique e é só para quem pode.

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Nuno Ferreira Santos

É esta segunda-feira que Vasco Graça Moura (VGM) assume a presidência do Centro Cultural de Belém (CCB), após o ex-presidente do mesmo, António Mega Ferreira, ter sido despachado pelo Governo sem “água vai, nem água vem”. A razão apontada: incompatibilidades políticas.

Será o desentendimento de gosto acerca das cores políticas uma razão válida para despachar uma pessoa que desempenhou tão bem o seu trabalho desde 2006? (Pergunta meramente de retórica). VGM - o jovem portuense de 70 anos - vai ficar responsável pela presidência do CCB nos próximos três anos, e tenho a sensação que a Literatura e a Ópera vão ser áreas de trabalho e de desenvolvimento privilegiadas.

O advogado, escritor e tradutor VGM é também um acérrimo opositor do novo acordo ortográfico. Recusar-se-á este a permitir que se escreva nos programas e documentos oficiais da dita instituição, seguindo as regras do novo acordo? Veremos, pois, quando num destes dias nos aproximarmos da rece(p)ção e tirarmos o novo programa do CCB.

Penso que todos temos plena consciência das capacidades intelectuais e de liderança de VGM para assumir as funções que lhe são propostas. No fundo, mudámos do rosa para o laranja, mas é certo que a fasquia qualitativa se manterá.

Só talvez fiquemos um pouco mais conservadores no CCB: a escrever à antiga portuguesa e a ir à ópera de estola de marta. A Cultura volta a ser chique e é só para quem pode. 

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