Oposição contesta “nomeações políticas”

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Vasco Graça Moura será o novo presidente da Fundação CCB Enric Vives-Rubio

Sempre que o Governo muda de cor política sucedem-se as alterações de chefias na administração pública mas, no caso do Executivo liderado por Passos Coelho, tem sido particularmente evidente uma “estratégia de afastamento sem qualquer justificação que é muitíssimo preocupante”, diz Catarina Martins, do Bloco de Esquerda.

Ao caso da substituição de Mega Ferreira por Graça Moura na presidência do CCB, a deputada junta o de Luís Raposo, director do Museu Nacional de Arqueologia, e o de Diogo Infante, ex-responsável artístico pelo Teatro Nacional D. Maria II, para falar de “um clima pouco saudável” e de uma Secretaria de Estado apostada em calar todas as vozes discordantes: “Estas saídas soam a retaliação por tomadas de posição públicas contra as políticas do Governo para as instituições em causa. É preciso saber as razões destes afastamentos, o secretário de Estado tem de as explicar.”

Para Gabriela Canavilhas, deputada e ministra da Cultura do anterior Governo socialista, a saída de Mega Ferreira só pode ser explicada por motivações partidárias. Falando ao PÚBLICO depois de mais um debate quinzenal em que Passos Coelho respondeu às perguntas dos deputados, Canavilhas acrescentou: “A notícia de que Vasco Graça Moura vai substituir Mega Ferreira é mais uma prova de que o senhor primeiro-ministro esteve hoje no Parlamento toda a manhã a mentir aos deputados quando negou estar a fazer nomeações políticas.”

Por mais respeito que Graça Moura possa merecer em todas as áreas a que se dedica, diz Canavilhas, não há como negar que Mega fez dois mandatos excelentes: “Não há absolutamente nada a apontar a Mega Ferreira, nem ao nível programático e artístico, nem ao nível da gestão. Foi exemplar.”

O PCP não está interessado em avaliar a prestação de Mega Ferreira, mas quer saber por que razão a SEC o afasta. “Fazer nomeações de acordo com a cor partidária não é exclusivo deste Governo, o PS costuma fazer o mesmo”, diz o comunista Miguel Tiago. “O que nos preocupa é saber se o Governo faz ideia do que quer das instituições [D. Maria, museu de Arqueologia, CCB], se tem uma orientação política definida.”

A actriz e realizadora Inês de Medeiros, colega de bancada de Canavilhas, é uma das deputadas que têm vindo a alertar para uma total falta de orientação do Executivo na área da Cultura. Esta sexta-feira Medeiros chegou mesmo a pôr em causa a autoridade de Viegas: “Há ainda a suspeição sobre quem nomeou Vasco Graça Moura – se foi o secretário de Estado, o primeiro-ministro ou outro ministro qualquer. Na Cultura não sabemos quem nomeia, quem decide, se há ou não uma estratégia. Tudo é tão vago no discurso e nas atitudes, tudo é tão dúbio e contraditório, que podemos duvidar de tudo.”

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