Banco Mundial prevê recessão de 0,3% na zona euro este ano

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Foto: Tim Sloan/ AFP Photo (arquivo)

A crise da dívida europeia vai atingir os países emergentes e fazer abrandar o crescimento internacional este ano, avisa o Banco Mundial. A zona euro não escapa à recessão.

O Banco Mundial (BM) divulgou ontem à noite em Washington o seu relatório das Previsões Económica Globais de 2012, prevendo que a economia mundial cresça 2,5% este ano e 3,1% em 2013. As economias desenvolvidas deverão crescer apenas 1,4%, enquanto, em Junho, nas suas últimas estimativas, a instituição apontava para quase o dobro – 2,7%. A zona euro será particularmente afectada e, em vez de crescer 1,8% como o BM previa, vai mesmo entrar em recessão, contraindo 0,3%.

O Banco Mundial torna-se, assim, a primeira instituição internacional a prever que a região da moeda única não escape a uma contracção do PIB este ano. O Banco Central Europeu (BCE) também já tinha admitido essa possibilidade, mas o que as projecções da equipa de economistas da instituição traçavam era um intervalo – de uma queda de 0,4% a um crescimento de 1%.

Já a Comissão Europeia prevê que a zona euro cresça 0,5%, enquanto a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) conta com um resultado ligeiramente pior: 0,2%. As últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) ainda apontam para um crescimento de 1,1% mas, na próxima semana, a instituição liderada por Christine Lagarde deverá divulgar novas projecções para a economia mundial.

Emergentes abrandam

As economias emergentes não vão escapar à crise e, apesar de continuarem a crescer e a puxar pela economia mundial, vão abrandar. As previsões do BM apontam para um crescimento de 5,4% este ano, em vez dos 6,2% previstos anteriormente.

“Os países emergentes devem preparar-se para mais riscos negativos, já que os problemas de dívida na zona euro e o crescimento enfraquecido em algumas das maiores economias emergentes estão a encobrir as perspectivas para a economia mundial”, avisa o BM.

De acordo com o Banco Mundial, as taxas de juro da dívida dos países emergentes já subiram 45 pontos base, em média, e os fluxos de capital para esses países desceram para 170 mil milhões de dólares (cerca de 134 mil milhões de euros) na segunda metade de 2011, um valor que compara com os 309 mil milhões de dólares (243 mil milhões de euros) recebidos no mesmo período de 2010.

“Uma intensificação da crise não iria poupar ninguém. As taxas de crescimento dos países desenvolvidos e emergentes podem cair tanto ou mais do que em 2008/2009”, alerta Andrew Burns, autor do relatório do BM, salientando a importância de haver planos de contingência a postos.

De acordo com a instituição, a desaceleração do crescimento é já visível no abrandamento do comércio mundial e na descida dos preços das matérias-primas. As exportações internacionais de bens e serviços terão crescido 6,6% em 2011 (face aos 12,4% registados em 2010) e deverão expandir apenas 4,7% este ano. Paralelamente, os preços da energia estão 10% abaixo dos picos atingidos no início de 2011 e o mesmo se passa com os custos dos metais e minerais e dos produtos agrícolas, que estão agora 25% e 19% abaixo, respectivamente.

Notícia corrigida às 10h23
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