Crítica dos críticos

Eis uma característica fundamental na formação de um crítico que deveria ser considerada nas redacções da imprensa: a ética. É inevitável que se peça pelo menos um poucochinho dela

Foto
lism/Flickr

Cada vez mais me espanta a leviandade com que um grupo (ínfimo) de pessoas (auto)intituladas de críticos escrevem sobre o trabalho dos artistas. Falando especificamente na área do teatro — e em linguagem escolar — os ditos autores das composições propositadamente maléficas (e alguns textos ditados) são maioritariamente inqualificados (e inqualificáveis) para a nobre tarefa de criticar um espectáculo. Fazem-no regendo-se pela prepotência e arrogância, não passando de uma espécie de opinadores de gosto duvidoso e dificilmente sedimentado.

É claro que é muito mais fácil destruir — escrevendo umas linhas bacocas com duas ou três referências armadas ao pingarelho — do que tentar criar algo comunicante e expor-se perante um público. Se é certo que são os próprios artistas que se dão a essa "morte" da exposição, também é segura a atitude de má fé que muitos destes críticos possuem, quando se sentam na plateia, munidos de iPad e enfado, para assistirem GRATUITAMENTE aos espectáculos.

Depois é ver nas chamadas críticas publicadas as revelações/comentários que os grupos e "lobbies" de amizades lhes permitem. Defendem e atacam quase sempre os mesmos, quando não são os próprios críticos que se atacam entre si. É óbvio que há excepções, mas são cada vez mais raras, poucos são os que desempenham com seriedade esta função de criticar.

Bem sei que estamos em crise (de todas as espécies), mas eis uma característica na formação de um crítico, que deveria ser considerada nas redacções da imprensa: a ética. É inevitável que se peça pelo menos um poucochinho dela. Ou então, senhores críticos, se não têm nada de construtivo para dizer, calem-se, por favor.

Sugerir correcção
Comentar