Ali, o homem dos 29 mil socos, não vai ao chão

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Ali com os Beatles dr

O americano Muhammad Ali faz 70 anos e é uma das maiores lendas do desporto, foi três vezes campeão de pesos-pesados (56 vitórias, apenas cinco derrotas e nenhum empate), mas também é lembrado pelo que fez fora do ringue.

Muhammad Ali é o século XX. Ou nas palavras do poeta poeta Ishmael Reed, antecipando no ocaso da carreira do pugilista no final da década de 70, se não é o século XX passou por ele como se fizesse parte dele. “Ali irá seguir-nos lembrando a turbulenta década de Malcolm X, da nação do Islão, do Vietname, de Lyndon Johnson, do movimento Black Power, de Robert Kennedy e de um longo etecetera”, escrevia em 1978 quando o atleta se preparava para deixar os ringues. “Ele representa os novos negros dos anos 70, descendentes dos novos negros dos anos 20: é elegante, sofisticado, inteligente, internacional e militante da causa negra". Primeiro Cassius Clay, depois Muhammad Ali: faz nesta terça-feira 70 anos.

Cassius Marcellus Clay nasceu em Lousville, Kentucky, nos Estados Unidos, em 1942. O homem que, nas suas próprias palavras, "flutuava como uma borboleta e picava como uma abelha", festeja sete décadas enfrentando a luta mais difícil da sua vida: cada vez mais debilitado pela doença de Parkinson, recusa-se a abandonar o combate travado desde 1984, três anos após subir pela última vez ao ringue.

A Parkinson levou Ali a dizer certo dia que calcula ter recebido cerca de 29 mil socos ao longo de sua trajectória, o que poderia ter contribuído para a doença.

As suas acções fora do boxe também ficaram famosas. A sua conversão ao islamismo – trocou o nome de baptismo Muhammad Ali -, a sua recusa em servir os Estados Unidos na Guerra do Vietname (por isso perderia o cinturão e a licença para lutar), a causa pela defesa dos negros numa América segregacionista e, recentemente, a defesa de causas humanitárias.

Ali foi ainda o primeiro atleta a usar os meios de comunicação como uma arma, tão poderosa como os seus golpes. Foi campeão mundial de pesos-pesados pela primeira vez em 1965, voltou em 1970 e nos anos seguintes construiu a maior rivalidade da história do boxe com Joe Frazier. Um ano depois, perderia a invencibilidade para o campeão Frazier, na "Luta do Século". Três anos depois, no Zaire, foi campeão pela segunda vez ao bater George Foreman. Em 1975, Ali manteve o título ao vencer Frazier numa das mais sangrentas lutas da história.

Manteve o título até 1978 com vitórias difíceis e controversas e perdeu o cinturão para Leon Spinks. Retirar-se-ia dos ringues em 1981, após 61 combates, 56 dos quais vitoriosos.

No último sábado, comemorou antecipadamente os 70 anos com um jantar no Muhammad Ali Center, em Louisville. O evento serviu também para arrecadar fundos, já que cada um dos cerca de 300 convidados pagou mil dólares.

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por HBOclips
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