Sérgio Praia vai ser António Variações

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Sérgio Praia reconhece que a missão António Variações é especialmente arriscada: Ninguém tem o timbre do António Daniel Rocha

Deixou crescer a barba para interpretar uma peça de Shakespeare e os comentários de que ficava parecido com António Variações não tardaram.

Na altura, nem sequer sabia que havia um filme a ser preparado sobre a vida do cantor de "O corpo é que paga". Mais tarde, uma mensagem de um amigo avisou-o de um "casting" para a escolha do actor que iria vestir a pele do músico no cinema.

Sérgio Praia, actor profissional desde 1998 e que actualmente integra o elenco da telenovela da SIC "Rosa Fogo", ensaiou duas músicas e fez-se à estrada. Foi o primeiro a fazer o "casting" - depois de o papel ter praticamente pertencido a Nuno Lopes até um processo judicial que opôs produtor e realizador -, cantou em duas cenas e convenceu o realizador. Praia admite que ficou surpreendido. "Não pensava que me dariam esse presente". Mas deram. Acção judicial resolvida, o realizador João Maia deverá ainda este ano iniciar as filmagens de "Variações", a biografia ficcionada do cantor que nasceu em Amares, Braga, em 1944. A história começa numa viagem a Nova Iorque e termina 15 dias antes da morte do criador de "Maria Albertina".

Praia está a preparar-se para a missão, que assume ser arriscada. "Sempre achei que seria um risco, ninguém tem o timbre do António". A ideia não é decalcar a vida do compositor, mas sim o lado mais experimental do autor de "É p'ra amanhã" antes de a fama rebentar, antes de se tornar figura pública. As gravações nas casas de banho, os ecos da voz, os abraços entre palavras e melodias. "Sou apaixonado pelo lado experimental do António, da procura até encontrar as letras e as músicas certas", diz o actor.

Sérgio Praia terá Variações no corpo e na voz. "Principalmente, irei ter em atenção essa procura de ir mais além, essa vontade de crescer, de rasgar, de querer sair do sítio onde nasceu para fazer mais pela vida, de não ligar ao que as pessoas diziam", revela. A energia de quem escreveu "O Corpo é que paga" entra naturalmente no trabalho do actor. "O mais importante é fazer um filme sobre a vida deste homem, que ajudou imenso a abrir muitas mentalidades".

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