Rendimento real das famílias vai cair mais de 10% até 2013

Foto
Nos primeiros oito meses do ano foram vendidos em Portugal 146928 automóveis. Manuel Roberto

Medidas de austeridade, desemprego, contenção salarial e restrições ao financiamento vão implicar quebra recorde no consumo e no rendimento real das famílias, prevê o Banco de Portugal.

No Boletim Económico de Inverno, hoje divulgado, o Banco de Portugal (BdP) prevê que o consumo privado caia 11% no período 2011-2013, à custa de uma “queda da mesma ordem de grandeza do rendimento real das famílias”.

De acordo com o banco central, as condições restritivas de financiamento dos bancos “dificultarão o alisamento do consumo e deverão implicar alguma reestruturação do balanço das famílias”. A isso juntam-se as medidas de consolidação orçamental, a redução do emprego e a contenção salarial.

A instituição avisa mesmo que, com o aumento do desemprego, irá verificar-se uma redução das remunerações reais do sector privado entre 2011 e 2013, sendo esta particularmente acentuada este ano.

Segundo o BdP, haverá mesmo uma “revisão significativa em baixa do nível de rendimento permanente das famílias”, que irá, por um lado, contribuir para a queda do consumo privado e permitir, por outro lado, um aumento da taxa de poupança das famílias, “não só devido à poupança forçada associada às amortizações do crédito, em particular à habitação, mas também por motivos de precaução”. De facto, salienta a instituição, o aumento do emprego irá aumentar a incerteza das famílias quanto à evolução do seu rendimento e da sua riqueza futura, o que irá travar ainda mais as despesas dos portugueses.

As previsões do BdP apontam para uma quebra histórica de 6% do consumo privado este ano, depois de, no ano passado, este ter caído 3,6%. Em 2013, perspectiva nova descida, de 1,8%. Durante esse período (2011 a 2013), o consumo de bens duradouros irá cair 40%, enquanto o consumo de bens não duradouros deverá também registar “uma contracção sem precedentes”.

Sugerir correcção
Comentar