Merkel e Sarkozy divergem sobre calendário de "Taxa Tobin"

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Foto: Fabrizio Bensch/ Reuters (arquivo)

Os líderes da Alemanha e França, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, insistiram hoje na necessidade de uma taxa sobre as transações financeiras - tradicionalmente conhecida por Taxa Tobin - mas voltaram, uma vez mais, a divergir sobre o calendário para a sua introdução.

Sarkozy, que assumiu a regulação do sector financeiro como uma das grandes prioridades na campanha para a sua reeleição, em Abril, insistiu na sua ideia de aplicar de imediato, e de forma unilateral, esta taxa em França sem esperar pelos parceiros europeus.

Merkel, que também defende esta taxa, quer em contrapartida tentar um acordo ao nível dos Vinte e Sete países da União Europeia (UE) de modo a evitar fugas de capitais para fora do seu território. Se não for possível um acordo a Vinte e Sete - devido nomeadamente à firme oposição do Reino Unido - Berlim tem defendido que a medida poderá ser tentada entre os dezassete membros da zona euro.

"A França tem toda a razão de dizer que é preciso agir e pôr os pontos nos iis", afirmou a chanceler, sublinhando que espera por uma posição dos ministros das Finanças da UE até ao fim de Março. "Se não conseguirmos convencer os Vinte e Sete, o que seria preferível, veremos como poderemos agir e progredir", sublinhou.

Sarkozy justificou no entanto a sua pressa como uma forma de dar o exemplo e convencer os restantes países europeus ainda hesitantes a avançar. Criticando a "desregulação escandalosa e inadmissível" do sector financeiro, o Pesidente francês considerou "normal" que os que provocaram a crise financeira dos últimos anos participem nos esforços para a sua resolução.

Sarkozy recusou pronunciar-se sobre as modalidades da taxa que quer aplicar em França, limitando-se a lembrar que a Comissão Europeia já fez uma proposta nesse sentido em Outubro passado, sob pressão, precisamente, de Paris e Berlim.

A proposta prevê uma taxa de 0,1% sobre as acções e obrigações, e de 0,01% para os restantes produtos, incluindo derivados e estruturados. Se estas taxas forem aplicadas à escala europeia, Bruxelas considera possível gerar receitas superiores a 55 mil milhões de euros por ano.

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