Equipa da PJ que investiga "secretas" só reporta ao Ministério Público
Após as férias judiciais de Verão, que terminaram no final de Agosto, o inquérito às alegadas fugas de informações dos serviços secretos passou da 6.ª secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa para a 9.ª secção, especializada em criminalidade económico-financeira.
Por uma questão de estratégia foi decidido pela Polícia Judiciária e pelo Ministério Público que os inspectores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção que estão a investigar este caso reportam directamente e exclusivamente aos procuradores da 9.ª Secção, que dirigem o inquérito. O objectivo, explicaram várias fontes judiciais, é minimizar qualquer eventual fuga de informação num processo desta sensibilidade, responsabilizando-se assim os poucos elementos que dispõem da informação que foi recolhida até ao momento.
Por isso mesmo, nesta fase, em que o inquérito se encontra em segredo de justiça, apenas são conhecidas as diligência que, pela sua natureza, extravasam a esfera da equipa que está a investigar o caso.
Em início de Novembro o DIAP realizou duas buscas: a Polícia Judiciária e o Ministério Público estiveram na sede da Ongoing, em Lisboa, onde apreenderam o computador de trabalho do ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), Jorge Silva Carvalho, actual quadro da empresa, além de terem efectuado igualmente buscas na residência do ex-responsável das secretas.
Já em finais de Setembro, os investigadores tinham visitado a sede da Optimus, no Porto, para uma operação de buscas que foi directa à secretária onde se encontrava uma funcionária que - segundo uma auditoria interna da operadora de telecomunicações do grupo Sonae (proprietário do PÚBLICO) - foi quem que acedeu à lista do registo de chamadas de um dos telemóveis do jornalista Nuno Simas e a forneceu ao seu companheiro, um espião dos serviços de informações.
Nessa altura a funcionária da Optimus, que se veio a despedir mais tarde, foi identificada pela Polícia Judiciária, e constituída arguida, tendo sido sujeita à medida de coacção menos gravosa, o termo de identidade e residência.
Essa identificação só foi possível porque a operadora de telecomunicações da Sonae entregou o resultado da sua auditoria à equipa do Ministério Público que investiga o caso, coordenada pela procuradora Teresa Almeida.
Em Agosto, na sequência de algumas notícias do semanário Expresso sobre alegadas fugas de dados das secretas para a Ongoing, para onde foi trabalhar o antigo director do Serviço de Informações Estratégicas da Defesa (SIED), a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou a abertura de uma investigação.
Inicialmente o caso ficou a cargo da procuradora de Emília Serrão, da 6.ºa secção do DIAP, especializada em casos de negligência médica. Tal apenas ocorreu porque como se estava em férias judiciais a procuradora Emília Serrão era a procuradora de turno no Departamento de Investigação e Acção Penal.