Jardim diz que os madeirenses não têm de ser “mártires”

“Se a República portuguesa, com esta política que também impõe à Madeira, não der conta do recado e a situação se for agravando em vez de melhorar, obviamente que nós não somos obrigados a ser mártires da República portuguesa”, declarou na inauguração de um posto de gasolina no concelho de Câmara de Lobos.

Disse que Portugal trata a Madeira como um outro “país” mas que quer obrigar a Região a seguir uma solução por ele imposta.

“A questão que agora se põe é esta: a República portuguesa já disse que não assume o desenvolvimento feito na Madeira, isto é, não assume, não se responsabiliza pelos investimentos que foram feitos na Madeira, só se responsabiliza pelo que foi feito no continente”, disse.

Para Alberto João Jardim, esta atitude reflecte “uma situação que é praticamente dois países diferentes”.

“Nisto - continuou - põe-se outro problema: é que não só o Estado diz que não tem nada a ver com o investimento feito pela Madeira, como se isto não fosse Portugal, como também quer impor-nos a maneira de resolver o problema, isto é, não assume as nossas dívidas, não assume o desenvolvimento feito no pedaço de Portugal que é a Região Autónoma da Madeira mas quer que a gente faça as coisas da maneira que eles querem”.

Alberto João Jardim considerou ainda aquela opção “uma situação pura e simplesmente colonial”

“Isto é para dizer claramente ao povo madeirense que aquilo que a Madeira está a fazer é-nos imposto, não é a nossa vontade, não é o que nós entendemos ser o caminho certo para recuperar a economia”, avisou.

“O que está a acontecer é uma República portuguesa que, pela Constituição e pela lei, tem o poder de nos impor determinados caminhos, somos tratados como Estado independente mas nós não somos independentes”, prosseguiu na sua explicação.

O governante terminou a sua intervenção ressalvando: “Quero desde já dizer ao povo madeirense que não tenho a certeza, nem estou convencido que este seja o caminho certo mas que tenho que aceitar porque senão a tesouraria do Governo não tem liquidez porque a banca já não tem crédito para dar”.

“Nós, madeirenses, não podemos desistir, vamos ter que resistir, vamos ter que encontrar soluções pelas nossas próprias mãos. Se a República portuguesa, com esta política que também impõe à Madeira, não der conta do recado e a situação se for agravando em vez de melhorar, obviamente que nós não somos obrigados a ser mártires da República portuguesa”, concluiu.

Disse ainda que a dívida da Madeira, “que não chega a seis mil milhões de euros” e que “está à vista”, é tão falada e abordada para abafar “os 333 mil milhões de euros que a República portuguesa arranjou”.

No final da inauguração, Alberto João Jardim escusou-se a responder a perguntas dos jornalistas.