Espanha anuncia défice maior que o previsto e aumento temporário de impostos

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Mariana Rajoy anuncia novas medidas de austeridade REUTERS/Susana Vera

O Governo de Mariano Rajoy disse hoje que o défice deste ano ficará nos 8%, bem acima dos 6% inicialmente previstos. Desvio vai obrigar a cortes de 8,9 mil milhões na despesa pública e a um aumento temporário de impostos.

A vice-presidente do Governo, Soraya Sáenz de Santamaría, anunciou hoje que o novo Executivo se deparou com um desvio orçamental muito superior ao previsto. Este ano, o défice ficará nos 8% do PIB, bem longo do que o Executivo de José Luis Rodríguez Zapatero tinha previsto – 6%.

Face a esta situação, a vice-presidente do Executivo garantiu que o Governo “não vai vacilar para resolver o problema”, o que irá obrigar a “tomar decisões extraordinárias que não estavam previstas”.

Em conferência de imprensa após a reunião de conselho de ministros que aprovou as novas medidas, o Executivo espanhol anunciou que vai cortar a despesa pública em 8,9 mil milhões de euros no próximo ano em todos os ministérios, no âmbito de um plano de austeridade para pôr as finanças públicas em ordem.

Entre as medidas extraordinárias que o Executivo irá tomar está o aumento temporário de alguns impostos. “Vamos pedir um esforço aos cidadãos que mais ganham e mais têm”, afirmou Soraya Sáenz de Santamaría. Em causa está um aumento do IRS, através de um “contribuição de solidariedade temporária” de dois anos sobre os rendimentos mais elevados do trabalho e de capital. Além disso, o Governo não vai actualizar as tarifas da electricidade no primeiro trimestre do próximo ano.

Com este aumento temporário dos impostos, os cofres do Estados irão encaixar cerca de seis mil milhões de euros. Estas são as primeiras medidas de austeridade anunciadas pelo novo Executivo do Partido Popular, liderado por Mariana Rajoy, que substituiu os socialistas de Zapatero nas eleições legislativas de 20 de Novembro.

O Governo confirmou também que os funcionários públicos vão ter, no próximo ano, os seus salários congelados, tal como já estava previsto no Orçamento do Estado. Espanha comprometeu-se a atingir uma meta do défice de 4,4% do PIB em 2012, quase a mesma a que Portugal está obrigado (4,5%).

Apesar das novas medidas de austeridade, o Governo disse hoje que quer “salvaguardar os mais pobres”, garantindo que “não iremos pedir sacrifícios a quem não pode dar mais”. Nesse sentido, o Executivo irá actualizar as pensões em 1%, a partir de Janeiro, e não vai tocar nos subsídios de desemprego, prolongando, aliás, a partir de Fevereiro, uma ajuda extra de 400 euros aos desempregados que deixaram de ter direito ao subsídio.

Notícia actualizada às 14h56
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