Audiência de Bradley Manning continua à porta fechada após testemunho que o liga à WikiLeaks

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Bradley Manning à chegada a Fort Meade, para o quarto dia de audiências Benjamin Myers/Reuters

A audiência de Bradley Manning, o militar norte-americano acusado de ter transmitido documentos secretos dos EUA à WikiLeaks, continuou nesta segunda-feira à porta fechada, depois de um perito informático ter garantido que foram encontrados cerca de 10.000 documentos do Departamento de Estado num computador usado pelo soldado.

A audiência já durqa há quatro dias, na base militar de Fort Meade, no estado norte-americano de Maryland. Manning é acusado de 22 crimes de transmissão de documentos secretos ao site WikiLeaks de Julian Assange e poderá vir a ser condenado a prisão perpétua.

O objectivo desta audiência é decidir se Manning será julgado por um tribunal marcial.

Nesta segunda-feira a discussão centrou-se na alegada informação encontrada no computador do militar norte-americano de 24 anos. Um responsável da Unidade de Investigação de Crimes Informáticos, David Shaver, testemunhou sobre a informação encontrada num computador usado por Manning, onde terão sido detectadas mais de uma centena de pesquisas na Internet sobre a WikiLeaks e Julian Assange.

Mas, após este testemunho, a sessão passou a decorrer à porta fechada e nem o público nem os jornalistas puderam assistir, alegadamente porque Shaver iria referir-se a detalhes sobre o material encontrado, o que gerou protestos da defesa.

O testemunho de Shaver foi o primeiro, em quatro dias de audiência, em que foi referido o material encontrado que terá sido difundido por Manning, tendo sido estabelecida a ligação entre o soldado e a WikiLeaks, que divulgou milhares de documentos diplomáticos secretos.

No computador terão sido também encontradas várias versões de um vídeo onde se vê um ataque de um helicóptero norte-americano no Iraque que causou várias vítimas civis, incluindo dois repórteres da Reuters, bem como informação sobre abusos cometidos sobre detidos na base norte-americana de Guantánamo, sublinhou a BBC.

Várias testemunhas que prestaram depoimento durante o fim-de-semana referiram-se a Manning como um soldado solitário e com dificuldades de integração na sua unidade, enquanto os advogados de defesa alegaram que Manning foi vítima de intimidação por parte de outros militares. David Coombs, o advogado de defesa, pôs e causa o facto de Manning ter continuado a ter acesso a informação classificada depois de terem detectado “sinais de instabilidade emocional”.

A fuga de informação de que o soldado é acusado terá ocorrido entre Novembro de 2009 e Maio de 2010 e envolveu documentos secretos sobre a guerra no Iraque e no Afeganistão. Segundo o testemunho de David Shaver, os documentos encontrados no computador de Manning condizem com aqueles que, mais tarde, foram divulgados pela WikiLeaks.

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