Houve Malafeev a mais e liderança e personalidade a menos

Foto

1. Ficaram pelo caminho as duas equipas com melhores jogadores do Grupo G. Contingências do futebol, mas também culpa do Shakhtar e, principalmente, do FC Porto, que deram tiros nos pés e cometeram erros de palmatória ao longo deste mini-campeonato de seis jogos. Mas não foi tanto isso o que aconteceu ontem no Dragão, onde o FC Porto só não conseguiu melhor que o empate porque, primeiro, foi pouco eficaz na concretização e, depois, revelou-se sôfrego e nervoso. A primeira maleita acontece, por vezes, até às melhores equipas. Já a incapacidade psicológica para lidar com a pressão que se viu nos últimos 15 minutos denuncia falta de liderança.

2.

Ontem, o FC Porto precisava do verdadeiro Hulk, do jogador desequilibrador que, aqui e ali, consegue ganhar os jogos quase sozinho e que, por isso, tem uma cláusula de rescisão estratosférica. Mas o brasileiro falhou quando a equipa mais precisou dele, principalmente na segunda parte, quando recuperou o lugar no lado direito. Houve também mérito da organização defensiva do Zenit. Mas isso já era de esperar de uma equipa treinada por Spalletti.

3.

O italiano surpreendeu ao dar a titularidade ao veterano Semac, um médio que na primeira parte ajudou a fechar na direita e a travar James e que, no segundo tempo, passou para o lado contrário, para servir de tampão a Hulk. O Zenit começou por desenhar-se em 4x2x3x1, mas evoluiu para o 4x5x1, deixando toda a gente atrás da linha da bola, menos Lazovic. Habitualmente extremo ou número dez, este sérvio ocupava a zona central do ataque, porque Kerzhakov está lesionado e Bukharov ficou no banco. A ideia era apostar na mobilidade ofensiva.

4.

A equipa portista manteve tudo o que apresentou nos últimos jogos, até a colocação de Maicon a lateral direito, o que só serve para deixar a equipa um pouco manca nas alas. Manteve-se também a inversão do triângulo do meio-campo, mas Defour, o vértice mais adiantado, não deu o apoio que se exigia ao tridente ofensivo (Belluschi tem melhores características para o papel). Durante 45 minutos, o FC Porto dominou (59 % de posse de bola) e levou vantagem em todos os capítulos. Viu-se então um jogo variado e Moutinho tentou surpreender com passes verticais. Mas faltou velocidade e o único lance realmente perigoso foi desperdiçado por Djalma, aos 6’.

5.

Em vez da equipa que não se quis expor em demasia e que tentou manter os equilíbrios, na segunda parte começou por se ver um FC Porto bem mais acutilante. Já entrara Kléber e passara a haver uma referência na área. James recuou para a posição dez. Foi a melhor fase do FC Porto e valeu então ao Zenit a categoria do guarda-redes Malafeev.

6.

Os últimos 15 minutos foram de risco total. O FC Porto assumiu uma defesa de três homens para permitir a entrada de Belluschi. Uma opção discutível. Provavelmente, teria sido melhor dar outra profundidade ao corredor direito com a simples troca de Maicon por Fucile. Com a opção que tomou, Vítor Pereira aumentou as unidades ofensivas, mas afunilou ainda mais o jogo. Durante essa fase, o nervoso das bancadas contagiou a equipa e o contra-ataque do Zenit só não funcionou por milagre.

Sugerir correcção
Comentar