Probabilidade de a agência S&P cortar rating da Alemanha e França é de 50%

Foto
Aviso chegou horas depois de uma reunião entre Merkel e Sarkozy Foto: John Schults/Reuters

Depois de fechar a bolsa de Nova Iorque, chegou a confirmação: a agência Standard & Poor’s (S&P) colocou o rating de 15 países da zona euro sob revisão negativa. A probabilidade de a nota da Alemanha, da França e de 13 Estados-membros, incluindo Portugal, descer dentro de 90 dias é agora de 50%, avisou a agência.

A Alemanha, a França, a Holanda, a Áustria, a Finlândia e o Luxemburgo, os seis países da moeda única classificados com um rating AAA, estão a partir desta segunda-feira em maior risco de perder a nota máxima atribuída pela agência norte-americana.

O processo de revisão – que significa uma avaliação à nota dos países com perspectiva de um corte de rating – foi divulgado esta noite em comunicado, após a hora de fecho das negociações em Wall Street.

O aviso foi, porém, além do que o Financial Times antecipara ao final da tarde, anunciando que os seis países da moeda única com o triplo A ficavam ainda esta segunda-feira com o rating em perspectiva negativa. No alerta da S&P são visados outros nove países, que ficam também notificados de que o seu rating pode vir a baixar no curto prazo: Portugal, Espanha, Itália, Irlanda, Bélgica, Estónia, Malta, Eslováquia, Eslovénia.

Fora deste processo de revisão ficou a Grécia; e o Chipre apenas passou a ter o seu rating de curto prazo com implicação negativa.

O alerta – explicado em comunicados separados para cada um dos países – é justificado pela intensificação de situações de stress nas últimas semanas “na zona euro como um todo” e foi deliberadamente lançado antes da cimeira de líderes da zona euro e da União Europeia (UE) de quinta e sexta-feira, assume a agência.

Segundo uma nota com perguntas e respostas sobre esta decisão, a agência diz que a cimeira é “uma oportunidade para os responsáveis europeus quebrarem o padrão” que têm mantido: acordos sobre “medidas defensivas e tomadas aos poucos até agora”. Os riscos de ampliação da crise aumentaram e vão intensificar-se se os líderes não derem uma “resposta efectiva e credível”, diz a S&P. Um aviso que surgiu a três dias do primeiro encontro dos dirigentes da zona euro e horas depois de a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, terem dito em Paris que querem um novo tratado europeu até Março.

Neste processo de revisão, a agência admite cortar em um nível o rating dos seis países do euro com a nota AAA. Para os restantes nove visados, pode vir a cortar até dois níveis. No caso da Alemanha, a agência teme que o agravamento da crise comprometa o crescimento alemão e o seu esforço de redução da dívida. Sobre França, onde os receios de um corte de rating levaram o Governo a anunciar medidas de austeridade, esta também uma das razões que serve de justificação.

No caso português, a nota atribuída pela S&P está no nível BBB- (o 10.º mais elevado numa escala de 22 níveis) e pode, assim, cair para o nível BB+ ou para BB. Uma das razões para esta ameaça de revisão tem a ver com o “risco” de a venda de activos pelo Estado (ou seja, as privatizações previstas no programa de ajustamento acordado com a troika) não render tanto quanto o encaixe estimado.

No processo de revisão do rating nacional, a agência vai estar atenta à redução da liquidez no mercado interbancário (o dinheiro emprestado aos bancos entre si) e à capacidade de Portugal suportar o sistema financeiro no quadro da linha pública de 12 mil milhões de euros a que os bancos podem recorrer para se recapitalizarem.

Notícia actualizada às 23h21 e às 23h33:

Acrescenta as justificações da agência de notação financeira.

Sugerir correcção
Comentar