Sarkozy quer novo tratado da UE para repensar a Europa

Foto
Sarkozy anunciou que vai receber Angela Merkel na segunda-feira Foto: Jean-Paul Pelissier/Reuters

O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, colocou-se hoje ao lado da Alemanha para defender “um novo tratado europeu” que refunde a Europa e reforce o governo económico da União Europeia.

Num discurso muito aguardado sobre a crise da zona euro, Sarkozy defendeu que os 17 Estados-membros da moeda única avancem com a revisão do Tratado da União Europeia e, reafirmando a sua visão para o futuro do euro, pediu “mais responsabilidade assumida perante os povos para um verdadeiro governo económico”.

A uma semana de arrancar em Bruxelas uma cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE e da zona euro, dias 8 e 9, Sarkozy sublinhou que, “depois do longo caminho” que a Europa percorreu, deve “voltar ao essencial”.

Com isso, defendeu que as decisões europeias sejam tomadas por uma “maioria qualificada”, recusando “mais supranacionalidade”, quando a Comissão Europeia apresentou na semana passada o seu próprio projecto legislativo para o reforço do governo económico pela via comunitária.

Sarkozy, que discursou em Toulon perante cinco mil pessoas, apelou a uma refundação europeia, com mais disciplina para os países enfrentarem a crise das dívidas soberanas. “O que foi feito pela Grécia”, disse, não se voltará a repetir, nem nenhum Estado-membro da moeda única entrará em incumprimento da sua dívida.

Numa altura em que a Alemanha recusa de forma categórica um alargamento das atribuições do Banco Central Europeu (BCE) para ter um papel mais interventivo nos mercados financeiros, Sarkozy disse-se hoje “convencido” de que a autoridade monetária da zona euro continuara a ser uma instituição independente, mas agindo para controlar as ameaças que pesam sobre a zona euro.

Antes, o presidente do BCE, Mario Draghi, acentuava que não cabe à instituição ir mais além nas suas competências para estancar a crise, embora tenha sublinhado que o BCE pode assumir não apenas o papel a favor da estabilidade dos preços na zona euro se os17 governos da moeda única adoptarem um pacto orçamental que evite uma repetição da actual crise.

Sarkozy diz ser preciso passar de “um grande ciclo de endividamento” para um ciclo de “desendividamento” acompanhado por um ajustamento das políticas económicas. As propostas de Paris e Berlim serão discutidas num encontro preparatório da cimeira da próxima semana, numa bilateral na segunda-feira, em Paris, entre o Presidente francês e a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou Sarkozy.

Notícia corrigida às 10h56 de 2/12/2011:<_5c_b> Corrigido o número dos membros da união monetária de 27 para 17
Sugerir correcção
Comentar