Investigadores elaboram cartas de risco de inundações atendendo a alterações climáticas

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O estudo inclui cenários climáticos futuros Enric Vives-Rubio

Investigadores portugueses estão a elaborar cartas de inundações e risco, atendendo às consequências das alterações climáticas. A costa desde Viana do Castelo a Peniche e parte do Algarve estão entre as regiões mais problemáticas.

“O risco de inundação e de erosão na costa e sobretudo em alguns troços, está a aumentar, em parte devido às alterações climáticas, mas também à subida do nível médio do mar, e a criar situações muito difíceis em alguns pontos”, disse hoje à agência Lusa o especialista Filipe Duarte Santos que lidera o trabalho.

O estudo encomendado pela Associação Portuguesa de Seguradores tem como objectivo “identificar o risco das inundações e fazer cartas de risco no contexto das alterações climáticas, a médio prazo, até fim do século”.

Tal como acontece em praticamente todo o mundo, “há um risco acrescido de inundação porque a precipitação tende a acontecer em intervalos de tempo curtos, ou seja, grandes chuvadas muito intensas”, a que se junta o incorrecto ordenamento do território.

O professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa referiu que estão, assim, em jogo dois factores: “as alterações climáticas que intensificam os fenómenos extremos, em particular a precipitação muito elevada em intervalos de tempo curtos, e também um ordenamento do território que não é o melhor e que potencia os riscos de inundação”.

Os sítios estudados para as cartas de risco são escolhidos em função do valor das propriedades que albergam. “Concentramo-nos em regiões onde se cruza o facto de haver risco de inundação com a existência de valores elevados em habitação, infra-estruturas, comércio, indústria e ambiente”, especificou Filipe Duarte Santos.

Entre as áreas mais problemáticas está a costa desde Viana do Castelo até Peniche, sobretudo na zona da Ria de Aveiro, onde existem sítios muito vulneráveis, como a Praia da Vagueira e Praia da Cortegaça.

Também na costa algarvia, alguns locais têm um risco maior, principalmente desde a Praia do Ancão até à foz do Guadiana, como disse o especialista apontando ainda Quarteira, onde existem protecções mas o risco é “bastante elevado”.

Quanto ao risco fluvial, foram escolhidos alguns locais especialmente de Lisboa e Porto, onde os rios conjugados com maré alta, podem resultar em inundações.

Em Lisboa estão identificados alguns locais como Algés ou Alcântara.

O que há de novo neste estudo é que foram incluídos cenários climáticos futuros. “Estamos a fazer projecções do que será o risco de inundação no futuro atendendo a que estamos com uma mudança climática que traz fenómenos meteorológicos extremos mais intensos”, apontou o investigador.

O estudo é realizado por 15 investigadores de várias entidades da Universidade de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa e Universidade de Aveiro e os resultados preliminares são hoje apresentados em Lisboa.

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