Amorim reconhece a existência de "lapsos marginais" na contabilização de despesas

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Activos de Amorim estão avaliados em 2600 milhões de euros Miguel Madeira

A Direcção de Finanças de Aveiro detectou 3,1 milhões de euros em despesas indevidas incluídas, durante três anos, na contabilidade da holding do empresário Américo Amorim, noticiou ontem o ´JN. Ao final da tarde, a Amorim Holding II, SGPS, reagiu à notícia, manifestando "plena confiança em que lhe será dada razão no processo", reconhecendo, no entanto, "lapsos marginais na contabilização" de despesas.

Segundo o Jornal de Notícias, os Serviços de Inspecção da Direcção de Finanças de Aveiro (DFA) encontraram irregularidades na Amorim Holding II relativas aos anos de 2005, 2006 e 2007.

Em causa estão despesas pessoais – desde viagens familiares a despesas de mercearia – como também outras da empresa, totalizando 500 mil euros em 2005, de 900 mil em 2006 e de 1,7 milhões no ano seguinte, escreve o mesmo diário.

Pela correcção fiscal destes 3,1 milhões de euros de despesas declaradas em nome da sociedade, as Finanças reclamam o pagamento de 750 mil euros de IRC, decisão da qual, segundo o JN, a holding já recorreu para o Tribunal Administrativo e Fiscal do Baixo Vouga.

O contabilista da Amorim Holding II, António Moura, considerou ontem, na audiência do julgamento, que as despesas em causa “não são relevantes”, dizendo acreditar que o inspector das Finanças de Aveiro responsável pelo processo, José Paulo, usou as despesas pessoais de Amorim para “contaminar” as outras que dizem respeito a despesas da empresa não consideradas para efeitos fiscais, avança ainda o JN.

O inspector da DFA referiu que a holding sempre se recusou a enquadrar as despesas empresariais em causa – entre elas, auditorias, prendas ou alugueres de jactos particulares, refere o jornal. A juíza estabeleceu um mês para as alegações finais.

Em comunicado, a empresa adianta que "nunca se recusou a fornecer à Administração fiscal qualquer informação". O comunicado refere ainda que "a empresa reconheceu já em juízo a existência de lapsos marginais na contabilização de despesas de índole pessoal, tendo evidenciado, porém, que as mesmas correspondem a uma percentagem absolutamente irrisória do valor global em discussão".

A empresa destaca ainda que a referida evasão fiscal "é desmentida pelo facto de a Amorim II ter voluntariamente prestado uma garantia a fim de salvaguardar o alegado crédito do Estado, enquanto o processo se desenrola".

Actualizada às 19:20 horas

Os activos de Amorim, o empresário considerado pela revista Exame o homem mais rico de Portugal em 2011, estavam avaliados em 2600 milhões de euros em Julho, quando a revista publicou o seu ranking anual.

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