Montijo contra utilização de bases militares para voos de baixo custo

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A Câmara do Montijo critica a hipótese de um aeroporto complementar à Portela para as companhias Foto: Miguel Madeira

As Câmaras do Montijo e de Sintra divergem quanto à possibilidade de as bases militares situadas nos seus concelhos poderem vir a ser escolhidas para localização da base da companhia aérea de baixo custo (low cost) EasyJet.

A Câmara do Montijo contesta a intenção do Governo de instalar companhias low cost em bases militares, mas a autarquia de Sintra diz-se disponível para receber esta estrutura.

As bases militares de Sintra, Alverca e Montijo estão a ser alvo de estudo por um grupo de trabalho criado pelo Governo para a localização da base da companhia aérea de baixo custo Easy Jet, disse no início do mês o secretário de Estado dos Transportes.

A existência de uma infra-estrutura aeroportuária complementar ao aeroporto de Lisboa representa um regresso à chamada solução “Portela + 1”, estudada em 2007.

Enquanto a autarquia de Sintra se mostra disponível para trabalhar no sentido de receber a companhia de baixo custo na Base Aérea nº.1, a Câmara do Montijo critica esta medida do Governo, pretendendo a instalação neste município de um aeroporto de raiz.

A Câmara do Montijo aprovou, por maioria, uma recomendação para o novo aeroporto de Lisboa ser construído no Campo de Tiro de Alcochete, criticando a hipótese de um aeroporto complementar à Portela para as companhias low-cost.

Governo acusado de “pôr em causa” quatro décadas de estudos

A autarquia defende que, ao longo de cerca de quatro décadas, foram efectuados diversos estudos técnicos sobre as melhores possibilidades para receber o novo aeroporto.

“Por alegadas razões de ordem financeira, o actual Governo decide pôr em causa 39 anos de estudos, de um intenso debate na sociedade portuguesa e de um profundo trabalho diplomático junto das instâncias europeias e de compromissos comunitários do Estado português”, refere a recomendação, aprovada com os votos favoráveis do PS e da CDU e com o voto contra do PSD.

O documento da autarquia, assinado pela presidente Maria Amélia Antunes (PS), explica que, sem estudos e sem debate, o Governo decidiu criar um grupo de trabalho para análise de uma solução mais viável de aeroporto complementar à Portela (Portela+1).

“Esta solução não pode ser levada a sério, porque não potencia o desenvolvimento e o ordenamento do território local e regional e o interesse público não recomenda experimentalismos nem gastos de dinheiros públicos com mais estudos e pareceres”, acrescenta o documento.

A recomendação defende que o Governo deve fazer um compasso de espera em vez de avançar com a hipótese Portela+1.

Easy Jet prefere Sintra

Disponível para a instalação da Easyjet na Base Aérea nº.1 está a autarquia de Sintra. Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara, Fernando Seara, disse que esta seria uma medida “muito importante para Sintra”, uma vez que dinamizaria a economia local.

“Vamos lutar para que Sintra seja uma alternativa ao aeroporto de Lisboa. Posso dizer que a Easyjet prefere Sintra como base para complemento das suas actividades em Portugal e fiquei muito contente ao saber que a empresa, dentro das duas opções, preferiu Sintra”, revelou o autarca.

O autarca destaca o município como “um importante espaço de atractividade turística” que, em tempos de crise, tem aumentado o número de visitantes comparativamente ao ano passado e a outros locais turísticos.

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