Falta de financiamento das empresas pode comprometer sucesso do programa da troika, alerta a CIP

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António Saraiva, presidente da CIP, apelou à criação de condições para financiamento regular do sistema produtivo Shamila Mussa/PÚBLICO

António Saraiva avisou hoje que o problema de financiamento das empresas nacionais pode comprometer o sucesso do programa de assistência financeira a Portugal, alertando mesmo para o risco de colapso do sistema produtivo.

O responsável da Confederação da Indústria Portuguesa falava hoje na conferência “Portugal: Ameaça ou Oportunidade?”, organizada pela Cunha Vaz & Associados, que está a decorrer em Lisboa.

“O gravíssimo problema de financiamento com que as empresas se defrontam pode comprometer o sucesso do programa” de ajuda externa, avisou António Saraiva. O presidente da CIP recordou que os últimos dados do INE sobre o crescimento da economia apontam a desaceleração das exportações como uma das causas do agravamento da recessão no terceiro trimestre.

“Num passado recente, a banca ainda conseguia financiamento de curto prazo às empresas, mas o financiamento de longo prazo, que permitiria às empresas ir além dos níveis de produção e exportação actuais, já estava vedado”, explica António Saraiva, salientando que muitas empresas exportadoras encontram-se já impossibilitadas de aceitar encomendas por insuficiência do seu fundo de maneio.

“Por isso, tenho apelado para que o Governo, Banco de Portugal, a banca e as instituições internacionais criem com urgência condições para financiamento regular do sistema produtivo”, afirmou o presidente da CIP, avisando que “o colapso do sistema produtivo pode inviabilizar correcção dos desequilíbrios orçamentais”.

Neste contexto de ajuda às empresas, a contenção salarial é, para António Saraiva, um factor decisivo nos próximos anos para reduzir os custos unitários das exportadoras nacionais face aos seus concorrentes, proporcionando ganhos de quota de mercado e um aumento das vendas ao exterior. O responsável da CIP recordou, contudo, o reforço da competitividade das exportações não resulta apenas do preço, mas sim da capacidade instalada para continuar a exportar, e é aqui que é essencial o papel da banca.

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