Greve pára transportes e torna trânsito caótico

Autocarros da Carris, em Lisboa, fortemente condicionados
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Autocarros da Carris, em Lisboa, fortemente condicionados Foto: Enric Vives-Rubio
Escola Nuno Gonçalves foi uma das que fecharam hoje
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Escola Nuno Gonçalves foi uma das que fecharam hoje Foto: Enric Vives-Rubio
Aviso à porta da Escola Gil Vicente, em Lisboa
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Aviso à porta da Escola Gil Vicente, em Lisboa Foto: Enric Vives-Rubio
Piquetes de greve estão na rua desde as primeiras horas do dia
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Piquetes de greve estão na rua desde as primeiras horas do dia Foto: Enric Vives-Rubio
Repartição de Finanças da Avenida General Roçadas, em Lisboa, foi vandalizada
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Repartição de Finanças da Avenida General Roçadas, em Lisboa, foi vandalizada Foto: Enric Vives-Rubio
Repartição de Finanças da Avenida General Roçadas, em Lisboa, foi vandalizada
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Repartição de Finanças da Avenida General Roçadas, em Lisboa, foi vandalizada Foto: Enric Vives-Rubio
Aeroporto ficou vazio já ao final da noite de quarta-feira
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Aeroporto ficou vazio já ao final da noite de quarta-feira Miguel Manso
Camiões do lixo parados em Lisboa: primeiros sinais da greve
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Camiões do lixo parados em Lisboa: primeiros sinais da greve Miguel Manso
As poucas carreiras de autocarros operacionais circularam lotadas
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As poucas carreiras de autocarros operacionais circularam lotadas Rui Gaudêncio
Andar a pé ou de bicicleta foi alternativa nos transportes
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Andar a pé ou de bicicleta foi alternativa nos transportes Rui Gaudêncio
Filas de trânsito em Lisboa
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Sector dos transportes poderia gerar 862 milhões de euros em novas taxas PÚBLICO

Trânsito caótico, estações ferroviárias sem comboios, 121 voos da TAP cancelados. Os efeitos da greve geral, convocada pela CGTP e UGT em protesto contra as medidas de austeridade, fazem-se sentir sobretudo no sector dos transportes, no qual a adesão está a ser elevada.

As duas centrais sindicais esperam que a paralisação mostre o descontentamento dos trabalhadores face às intenções do Governo de Passos Coelho de avançar com cortes nos subsídios de Natal e de Férias no sector público, e de acrescentar mais 30 minutos ao horário de trabalho no privado. As medidas, anunciadas sem negociação social, adensam as preocupações dos trabalhadores, do comércio ao ensino, dos hospitais às autarquias.

A TAP cancelou 121 dos 140 voos previstos e todos os voos agendados para o Aeroporto da Portela estão cancelados até às 17h de amanhã, segundo um comunicado da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública.

No aeroporto de Lisboa, apenas a TAP conseguiu realizar um voo até agora, com destino à Terceira (Açores). Estão programadas apenas mais duas ligações hoje.

Em Lisboa o Metro fechou as portas. Nas ruas da capital, são poucos os autocarros da Carris que circulam.

A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações avisou logo ao início da manhã que os serviços mínimos não estão a ser cumpridos na CP, empresa em que a adesão é “muito elevada”. Durante a madrugada a paralisação foi “quase total”. A empresa já veio esclarecer que, até às seis da manhã, cinco dos 19 comboios de serviços mínimos previstos não circularam, quatro dos quais devido à intervenção do piquete de greve.

Prevendo a paragem dos transportes, foram muitos os que, em Lisboa, se deslocaram de carro e anteciparam a ida para o trabalho, entupindo mais do que o habitual as principais vias de acesso a Lisboa, sobretudo no sentido Sul/Norte. Às 6h30 a fila em Almada em direcção à Ponte 25 de Abril já se estendia desde a baixa de Corroios e houve quem demorasse mais de duas horas a chegar à margem Norte. Entretanto, a circulação já está normal.

As ligações fluviais no Tejo estão encerradas devido à adesão total à greve dos trabalhadores da Soflusa e da Transtejo. O mesmo cenário nos autocarros da STCP, no Porto, onde a participação é próxima dos 100%.

Já há registo de pelo menos uma escola encerrada em Alcabideche, Cascais (secundária Ibn Mucana). Na Escola Secundária de São João do Estoril e na Pedro Nunes, em Lisboa, as aulas estão a funcionar. Em Castelo Branco também a escola Frei Heitor Pinto está fechada.

Nos hospitais, a adesão ronda entre os 50%, no Hospital de Santa Maria em Lisboa, e os 100% no Hospital de S. João, na Covilhã, Coimbra, Guarda, Seia e Lagos. Em Portimão, a adesão não foi além dos 33%.

Carvalho da Silva e João Proença, líderes da CGTP e da UGT, respectivamente, continuam na rua em contactos com trabalhadores em greve. Os piquetes envolvem entre 100 a 200 pessoas e vão manter-se ao longo do dia.

A madrugada ficou marcada pela intervenção de agentes da PSP que permitiram, ao fim de duas horas, a saída em Oeiras de cinco carros da recolha de lixo, impedida por um piquete de greve. A GNR também teve de intervir em dois casos de pessoas que cortaram a circulação dos comboios em Torres Novas e Sintra.

“Os primeiros sinais mostram uma adesão muito forte”, disse esta manhã Carvalho da Silva. Pelo lado do Governo ainda não há reacções à paralisação.

A greve foi anunciada pela CGTP no início de Outubro e acabou por contar com o apoio da UGT. Esta é a terceira paralisação geral desde a criação da UGT em 1978. A primeira aconteceu em 1988 contra a intenção de Cavaco Silva, então primeiro-ministro, de mudar a legislação laboral.

Duas repartições de Finanças em Lisboa, uma na zona de Alvalade e outra em Benfica, foram hoje vandalizadas com o lançamento de cocktails molotov, afirmou hoje fonte do comando da PSP à Lusa. Os vidros das montras das instalações ficaram partidas e para o local foram os agentes "necessários".

O primeiro incidente ocorreu às 8h25 na repartição da Rua Amélia Rey Colaço, em Benfica. Pelas 09h15, registou-se um outro ataque às instalações da Rua do Centro Cultural, na zona do Campo Grande, acrescentou a mesma fonte. Uma terceira repartição, na zona oriental de Lisboa, foi atingida por latas de tinta, referiu fonte do Comando da PSP.

Por causa destes actos, a PSP reforçou a vigilância e patrulhamento às repartições de Finanças.

Aeroportos nacionais estão vazios e ainda só descolou um avião

Todos os aeroportos nacionais estão parados esta manhã, sem passageiros à vista. No aeroporto da Portela, em Lisboa, circulam apenas “uma ou duas pessoas”, disse ao PÚBLICO o porta-voz da ANA, Rui Oliveira.

Trata-se de passageiros das únicas três ligações previstas para hoje, ao abrigo dos serviços mínimos acordados entre as empresas do sector e os sindicatos. O primeiro voo programado já partiu às 8h, ao serviço da TAP e em direcção à ilha Terceira, nos Açores.

O voo de regresso está prestes a sair da região açoriana, com descolagem marcada para as 11h25 (hora do Continente).

Durante o dia de hoje, haverá apenas mais duas frequências além desta, todas a partir de Lisboa: um voo da TAP para o Funchal (que parte às 18h05 e regressa às 20h50) e outro da SATA para Ponta Delgada (parte às 18h05 e regressa às 21h25).

Tanto a ANA, como a TAP não estão a disponibilizar dados relativos ao nível de adesão dos trabalhadores. Já a SATA fará um balanço do período da manhã dentro de uma hora.

Num comunicado enviado hoje, a TAP informou que “tinha programado um total de cerca de 140 voos” para o dia de hoje. A transportadora aérea estatal conseguiu reprogramar 17 ligações “através da antecipação ou adiamento para horários fora do período de greve”.

Já se esperava fortes impactos no transporte aéreo, tendo em conta a mobilização de várias classes profissionais do sector para os protestos organizados pela CGTP e pela UGT. Além dos controladores aéreos, que gerem os voos que entram e saem de Portugal, também os técnicos de handling e os tripulantes decidiram juntar-se à contestação.

Hoje, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil emitiu um comunicado dando conta de “uma forte adesão à greve geral” por parte dos tripulantes de cabine da TAP, Portugália, SATA e White. “Apenas se apresentaram ao serviço os [trabalhadores] designados para cumprir os serviços mínimos”, informou.

Notícia actualizada às 12h17
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