BES admite cortar salários no próximo ano

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Ricardo Salgado lembra o cenário recessivo de 3% previsto pelo Governo Enric Vives-Rubio

O Presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, diz não estar nos planos do banco cortar salários no próximo ano, mas admite essa possibilidade para contornar os efeitos da crise face às previsões de recessão para 2012.

Salgado não fecha a porta a reduções salariais na instituição, mas tal vai depender da evolução da economia, sublinhou ontem à margem da apresentação de um livro de homenagem ao fotógrafo português Gérard Castello-Lopes, que morreu em Fevereiro.

“Não está previsto, mas é possível que com a profundidade da crise, nomeadamente a perspectiva de uma redução do PIB de 3%, obrigar a cortes substanciais nas empresas privadas”, referiu, citado pela TSF.

Confrontado pelos jornalistas sobre o programa estatal para a recapitalização dos bancos, aprovado terça-feira na generalidade no Parlamento, Salgado insistiu que o BES não deverá recorrer à linha pública de 12 mil milhões de euros prevista pela troika para o sector. Os bancos podem recorrer ao fundo de recapitalização caso não consigam captar fundos por meios próprios para reforçar os capitais de modo a colocá-los nos níveis exigidos a toda a banca europeia.

Embora tenha, de novo, afastado essa solução – o banco está neste momento em processo de recapitalização –, notou: “Há acontecimentos constantes supervenientes que nos surpreendem e, inclusivamente, alterações aos regulamentos e às disposições da supervisão” que devem ser tidos em consideração. “Vamos ter de aguardar mais algum tempo”, reforçou.

Os bancos têm até ao final do ano para apresentar ao Banco de Portugal os planos de recapitalização, para reforçarem os rácios que medem o capital nos 9% este ano e nos 10% até ao final do próximo ano.

Neste momento, está em marcha um programa de inspecção às carteiras de crédito dos bancos, que só termina no final de 2011 e estão por medir os resultados da transferência dos fundo de pensões da banca para a Segurança Social, o que obrigará os bancos a apresentar ao supervisor os planos estratégicos de capitalização revistos até Fevereiro tendo já em conta estes impactos.

“Ainda não conhecemos os resultados das análises que foram feitas aos bancos”, frisou Ricardo Salgado, para reforçar que o BES vai esperar para avaliar a estratégia de recapitalização.

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