O que vai fechar ou ser afectado pela greve geral

Foto
Os transportes públicos vão ser afectados Foto: Nelson Garrido/arquivo

Saiba o que já está previsto e o que pode acontecer no dia da greve geral em diversos sectores. (Última actualização: 23/11 - 20h30)

Transportes urbanos

Em Lisboa, a Carris prevê assegurar o funcionamento de 50% do regime normal das carreiras 12, 36, 703, 708, 735, 738, 742, 751, 755, 758, 760, 767 e 790, bem como do transporte exclusivo de deficientes.


No Porto, a STCP, irá garantir os serviços mínimos com o funcionamento de 50% do regime normal das linhas 200, 205, 300, 301, 305, 400, 402, 500, 501, 508, 600, 602, 603, 701, 702, 801, 901, 902, 903, 905, 907, 4M e 5M.

Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa vão aderir à greve geral. A empresa anunciou que o serviço vai sofrer uma paralisação total entre as 23h30m do dia 23 (quarta-feira) e a 01h00m de dia 25 (sexta-feira).

Nas ligações entre Lisboa e a margem sul do Tejo, a Transtejo/Soflusa não garante os serviços mínimos durante as 24 horas de greve, ficando o transporte dependente da adesão à paralisação. Nas ligações Cacilhas-Cais do Sodré e Barreiro-Terreiro do Paço, os últimos percursos de terça-feira e os primeiros de sexta-feira serão também afectados. A empresa vai encerrar todos os terminais, caso não haja condições de efectuar percursos entre as duas margens.

Os sindicatos têm estado em conversações com trabalhadores de cerca de de cem empresas privadas de transporte rodoviário de passageiros por todo o país, entre as quais Rodoviária de Lisboa, Transportes Sul do Tejo, Rodoviária do Alentejo e Rodoviária da Beira Litoral.

Comboios

A CP prevê perturbações na circulação e supressão de alguns comboios. Os impactos para os utentes deverão começar logo na quarta-feira ao final do dia e estender-se até ao início de dia 25 (sexta-feira). Haverá serviços mínimos nos comboios urbanos, regionais, de longo curso e internacionais, conforme definido pelo Tribunal Arbitral, correspondentes a menos de 20 por cento da oferta diária nacional (ver detalhes em www.cp.pt).


A Fertagus, responsável pelo transporte ferroviário de passageiros entre as duas margens do Tejo, já informou ter reunidas as condições para o normal funcionamento dos percursos. No entanto, admite que poderão ocorrer perturbações na circulação de comboios.

AeroportosA adesão dos controladores aéreos, dos tripulantes e dos técnicos de handling vai ter impactos significativos na aviação. Para já, estão apenas garantidas duas ligações aos Açores e uma à Madeira, ao abrigo dos serviços mínimos. A gestora aeroportuária ANA já aconselhou os passageiros a consultar as companhias antes de se dirigirem aos aeroportos.

Os pilotos da TAP têm nova greve convocada para Dezembro (9, 10, 11 e 12) e para Janeiro (3, 4, 5 e 6).

Escolas e universidades

As faculdades de Ciências da Universidade de Lisboa e de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova poderão não funcionar na próxima quinta-feira, segundo o Sindicato Nacional do Ensino Superior. Nestas duas faculdades, acrescenta, estarão piquetes de greve. Também se realizarão piquetes na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.


No ISCTE, em Lisboa, está marcada uma assembleia para as 10h30, para docentes, investigadores, funcionários e alunos. Na Universidade da Beira Interior e no Instituto Politécnico de Portalegre os professores estarão reunidos a partir das 10h00. Na universidade do Algarve decorrerá uma concentração.

No ensino básico e secundário, só no próprio dia é que se saberá quantas escolas estarão encerradas. As duas principais federações de sindicatos de professores aderiram à greve. O Sindicato dos Professores da Grande Lisboa também está a preparar piquetes de greve.

Na última greve geral, os dados contabilizados pelo Ministério da Educação davam conta de que a adesão do pessoal não docente (38%) ultrapassou a dos professores (23%). Já a Federação Nacional de Professores situou a adesão dos docentes nos 75%.

Segundo a tutela, estiveram encerradas 32% das cerca de cinco mil escolas públicas existentes. A Fenprof indicou 80%.

Saúde

O Sindicato Independente dos Médicos fala em "urgências em pleno, consultas externas paradas, blocos cirúrgicos parados”. O sindicato espera uma forte adesão, mas não arrisca uma estimativa. Milhares de médicos ttrabalharão para cumprir serviços mínimos nas urgências, nos cuidados oncológicos, na diálise e outros serviços.


A Federação Nacional dos Médicos também não quer avançar com uma possível percentagem de adesão. Mas a sindicalista Merlinde Madureira defende: “Há razões para uma maior adesão”. Considerando que é inevitável o efeito da greve no adiamento de consultas e cirurgias, Merlinde Madureira comenta que “as más administrações hospitalares conseguem esse mesmo efeito muito mais vezes no dia-a-dia”.

Já o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses espera uma adesão à greve entre os 75% e os 85%, menor do que a da última greve geral, quando chegou a valores próximos dos 90% "Nesta altura, um dia de salário pode fazer a diferença”, afirma a sindicalista Guadalupe Simões. A adesão dos enfermeiros deverá ser mais significativa nos hospitais do que nos centros de saúde.

Administração Pública

Os sindicatos esperam uma boa adesão dos funcionários públicos, que vão ser um dos principais grupos atingidos pelas medidas de austeridade previstas para o próximo ano. Além das escolas, dos serviços de saúde e dos tribunais, vários outros serviços públicos poderão vir a fechar portas ou a trabalhar a meio gás, como direcções-gerais, repartições de finanças, serviços autárquicos, de identificação ou da segurança social.


O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado espera uma grande adesão. A Frente Sindical da Administração Pública considera que o impacto da greve na administração pública será muito espalhado e que as previsões são que todos os serviços de atendimento da administração pública tenham problemas.

Os serviços municipais de recolha de lixo correm o risco de parar e, segundo a FESAP, os sindicatos tentarão evitar “situações de ruptura” no fornecimento de água, electricidade e gás.

Justiça e segurança

Muitos tribunais encerrados. Muitos julgamentos adiados. É a expectativa de Fernando Jorge, presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ). E embora as indicações apontem para uma paralisação superior à do ano passado (60 por cento) não alcançará uma maior dimensão, já que “muita gente vai trabalhar contrariada, mas não pode prescindir do dinheiro”, nota.


A greve terá sobretudo efeito nos tribunais devido à falta dos funcionários que responderem ao apelo à paralisação feito pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais. Os juízes, diz António Martins, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, estarão nos tribunais, mas compreendem “a posição das pessoas” que fazem greve.

Os sindicatos representativos da ASAE, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Corpo da Guarda Prisional aderiram à greve. Outros três sindicatos, em representação da PSP, GNR e Polícia Marítima, só não aderem organizadamente nos desfiles de rua porque tal lhes está vedado. Ainda assim, estima-se que muitos associados destes três sindicatos, estando de folga, possam vir a integrar as concentrações.

Comércio

No sector do comércio, o sentimento geral entre os trabalhadores é de “grande preocupação” sobre a actual situação económica do país, mas o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços de Portugal admite que é difícil antecipar cenários de adesão à greve. Grande parte dos funcionários deverá decidir no próprio dia se se junta aos protestos ou não. O possível encerramento de escolas e perturbações nos transportes poderá dificultar a chegada ao trabalho.


Na cadeia de supermercados Pingo Doce, não é esperada grande adesão, atendendo à fraca participação em greves anteriores. A empresa espera ter um número de trabalhadores “suficiente” para garantir a abertura das lojas com um “nível de serviço aceitável”.

Também a Sonae, que detém o Continente (e o PÚBLICO), não prevê qualquer alteração no funcionamento das lojas, que vão estar abertas como num dia normal.

Comunicação social

O Sindicato dos Jornalistas lançou o repto para a greve há quase duas semanas mas não é fácil perceber os serviços que serão afectados porque a estrutura sindical não faz um controlo prévio da adesão, disse ao PÚBLICO o presidente, Alfredo Maia. Por isso, por exemplo, não se sabe qual será o impacto da paralisação na agência noticiosa Lusa, onde os jornalistas decidiram, em plenário, aderir à greve.


Nos canais da SIC – generalistas e de cabo -, assim como nos da TVI e nos grupos de rádio da Renascença e Media Capital não se prevêem alterações de programação.

Na RTP e RDP, a braços com os planos de restruturação, é possível que esta greve se faça sentir nos programas emitidos em directo, como a informação. Porém a administração diz desconhecer o impacto. Como prevenção, tem efectuado algumas reuniões de forma a minimizar os efeitos da greve nas várias emissões de rádio e televisão.

As revistas semanais Sábado, do grupo Cofina, e Visão, da Impresa, normalmente publicadas à quinta-feira, anteciparam a saída para hoje de modo a evitar atrasos na chegada às bancas e aos assinantes – componente de peso nas vendas.

O canal de humor Q, que no ano passado encurtou a emissão, optou este ano por apenas fazer uma edição especial do programa Inferno, dedicada à greve.

Cultura

O Teatro do Bairro, em Lisboa, não vai abrir no dia da greve geral. O espectáculo MetropoLIS, pelo grupo de Teatro Ultimacto, agendado para esse dia, será antecipado para a véspera, à mesma hora (21h00).


Na Cinemateca Portuguesa, alguns trabalhadores vão aderir à greve. Contudo, a programação não sofreu qualquer alteração. Só no dia, dependendo da adesão, será possível medir as consequências.

O Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores espera, devido aos cortes anunciados, uma forte adesão à greve por parte dos trabalhadores do Teatro Nacional D. Maria II. A paralisação deverá estender-se a museus, palácios e outros teatros nacionais tutelados pela Secretaria de Estado da Cultura, situados na área da grande Lisboa.

Indústria

Um pouco por todo o país, os sindicatos têm procurado mobilizar os trabalhadores . É o caso da Lisnave, onde o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul (Sindsul), além de um comunicado em português, fez outros também em russo e romeno. Estas duas nacionalidades representam mais de uma centena dos 2000 trabalhadores.


As empresas evitam pronunciar-se sobre as perspectivas de adesão à greve. É o caso da Galp, que emprega mais de 7000 trabalhadores - 60% em Portugal. Um porta-voz da petrolífera disse apenas que a empresa “tudo fará para minimizar os efeitos da greve junto dos seus clientes”. Prevê-se que a companhia tenha camiões cisterna de prevenção, prontos para abastecerem os postos que fiquem sem combustível.

Na Autoeuropa, será “um dia de não produção”. Um dos objectivos é minimizar os efeitos previsíveis da quebra de aprovisionamento dos fornecedores de peças para os veículos da fábrica. A direcção da fábrica pretende também evitar “as dificuldades logísticas criadas por irregularidades no funcionamento dos serviços públicos”, refere o fabricante automóvel em comunicado.

Quanto aos trabalhadores da fábrica, poderão ter a possibilidade “de solicitarem à empresa o gozo de um dia de férias, compensão por hora extra ou de um down day, dia de não produção”.

Sugerir correcção
Comentar