Chineses despem-se por Ai Weiwei

Foto
A foto considerada pornográfica DR

Forma de protesto contra investigação do Estado ao artista

Primeiro foram as notas dobradas em aviões de papel a atravessarem os muros de casa do artista dissidente Ai Weiwei, para o ajudar a pagar uma multa a que fora condenado. Agora, internautas chineses estão a manifestar a sua solidariedade com Ai através de uma forma de protesto mais improvável: despindo-se.

Hoje, de acordo com a Reuters, 70 pessoas tinham já colocado fotos em que aparecem nuas no site "Nudez dos fãs de Ai Wei - Ouve, Governo chinês: A nudez não é pornografia". É uma forma de protesto invulgar, sobretudo num país onde a nudez em público é um tabu.

Entre os que se fotografaram despidos estão vários artistas chineses contemporâneos, adiantou o jornal britânito "The Guardian".

As fotos foram colocadas depois de a polícia ter interrogado, na quinta-feira, um videógrafo, Zhao Zhao, por alegadamente ter difundido pornografia online ao tirar uma fotografia de Ai nu, juntamente com quatro mulheres.

Os apoiantes de Ai, cuja detenção de 81 dias este ano provocou uma onda de indignação internacional, afirmam que o interrogatório à volta da fotografia de Ai é mais uma tentativa da China de intimidar o seu mais famoso crítico social.

Zhao afirmou que foi interrogado durante cerca de quatro horas sobre os motivos por trás das imagens: "Eles disseram-me: ‘Não sabes que as fotografias que tiraste são obscenas?'", contou à Reuters por telefone. "Eu respondi: ‘Não sabia disso' e disse ‘como podem ser consideradas obscenas?' Eles disseram que as tinham classificado como tal".

 "Disseram-lhe claramente que se tratava de investigação que agora estavam a fazer sobre mim, por pornografia", disse então Ai Weiwei à AFP.

O artista chinês pagou recentemente 8,45 milhões de yuans (9,87 milhões de euros) de um total de 15 milhões de uma multa por alegada evasão fiscal. A quantia foi recolhida numa acção de angariação de fundos, para a qual contribuíram muitos chineses. Os apoiantes de Ai afirmam tratar-se de perseguição política.

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