Cerca de 600 portugueses protestam contra encerramento de embaixada em Andorra

Cerca de 600 portugueses e luso-descendentes concentraram-se neste sábado à tarde em Andorra em protesto contra o encerramento da embaixada de Portugal no principado, indicou à Lusa fonte da Plataforma contra o Encerramento da Embaixada.

“Ainda há esperança de manter uma pequena estrutura consular e pedimos o apoio e a união dos 13 mil portugueses em Andorra para conseguir esse objectivo”, disse à Lusa Mónica Amorim Severino, membro da Plataforma e secretária da Casa de Portugal no principado.

O protesto mereceu ainda a solidariedade de “todos os candidatos às eleições locais em Andorra, que fizeram questão de se juntar à comunidade portuguesa e manifestar o seu apoio”, indicou à Lusa, por seu lado, José Manuel Silva, conselheiro do Conselho da Comunidade Portuguesa (CCP) em Andorra e presidente da Plataforma.

Durante o protesto foi lido um “manifesto”, no qual a comunidade recordou a visita recente de Cavaco Silva a Andorra, que “encheu de orgulho” os portugueses residentes no principado. “Esses sentimentos foram traídos por uma decisão injusta, tomada à distância, desconhecedora de uma comunidade viva, que se sente parte integrante de Andorra, mas sempre portuguesa”, afirma o manifesto, transmitido à Lusa por Mónica Severino.

“Fechar a secção consular é uma decisão ridícula e injusta”, afirma ainda o documento. “O Governo alega que encerra a embaixada e o consulado em Andorra por razões económicas, se o fecham por questões económicas, qual é o nosso preço? Qual é o preço dos cidadãos?”, interroga a secretária da Casa de Portugal.

“As nossas poupanças vão todas para Portugal, temos lá as nossas segundas casas, pagamos lá os nossos impostos. Somos, aliás, criticados frequentemente pelos políticos em Andorra de levar para Portugal o dinheiro que aqui ganhamos. É assim que Portugal nos agradece?”, questiona a representante da Plataforma.

Portugal vai encerrar sete embaixadas, incluindo a de Andorra, quatro vice-consulados e um escritório consular, anunciou na quarta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros no Parlamento. Paulo Portas declarou que os serviços da Embaixada de Andorra passam a ser assegurados pela Embaixada em Madrid e pelo Consulado de Barcelona.

O ministro dos Negócios Estrangeiros andorrano, Gilbert Saboya, lamentou, na quarta-feira, que o Governo português “tenha chegado à situação de ter de tomar a decisão” de fechar a Embaixada em Andorra e espera que se mantenha uma “estrutura mínima consular” no principado.

Esta foi a segunda concentração de protesto em Andorra, depois de em meados de Outubro o embaixador de Portugal no principado, Mário Damas Nunes, ter dito que a missão diplomática fecharia as portas até ao final do ano, informação que foi confirmada por Portas.

A 18 de Outubro, cerca de duas centenas de portugueses concentraram-se pela primeira vez junto à Embaixada de Portugal para contestar o seu encerramento, uma participação que não satisfez a Plataforma, que hoje pretendia atrair mais gente ao protesto.

Desta vez, o protesto reuniu cerca de 600 pessoas. Ainda assim, um número considerado “pequeno” pelos próprios organizadores. “As pessoas pensam que já não é possível. É lamentável que, de 13 mil pessoas, tenham vindo apenas umas 600. Mas há aqui uma grande recessão sentimental, já não é só económica”, afirmou Mónica Amorim Severino.

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