Diaspora, a rede social contra-corrente, abre as portas a novos utilizadores

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Os quatro fundadores, num vídeo para angariação de fundos, em 2010

A Diaspora, que quer ser uma alternativa aberta e não comercial a redes sociais como o Facebook e o Google+, lançou hoje uma nova ronda de convites para angariar utilizadores.

Os novos convites foram enviados a utilizadores que já se tinham inscrito e aguardavam uma oportunidade para ter acesso ao site, que permite as actividades típicas de uma rede social: partilhar links, pensamentos e fotografias, estabelecer relações com outras pessoas, seguir temas de interesse, construir um perfil pessoal.

Porém, a Diaspora, ainda em fase alfa (o que significa que está num estado inicial de desenvolvimento), é um projecto contra a hegenomia do Facebook, o uso de dados pessoais para mostrar anúncios publicitários, contra a falta de transparência e as falhas de privacidade.

O código informático do site é aberto, o que significa que qualquer pessoa pode escrutiná-lo e modificá-lo. Para além disto, quem tenha os conhecimentos técnicos suficientes pode instalar a sua própria réplica da Diáspora num servidor (devidamente configurado, este servidor pode ser até um computador num quarto). Todos os dados pessoais ficam assim guardados neste computador e não nos servidores de uma empresa como o Facebook ou o Google.

Actualmente, para além do site principal, já há várias réplicas da Diaspora. Cada uma destas réplicas da rede social chama-se "pod" e já há cerca de duas dezenas a funcionar. O objectivo é que, no futuro, os utilizadores que tiverem contas num pod possam a qualquer momento transferir toda a informação para outro. Por exemplo, uma pessoa pode começar por ter uma conta no site oficial do projecto e mais tarde decidir transferi-la para o pod que um amigo tenha posto a funcionar. Os dados estão sempre na posse do utilizador e são transferíveis, mas os contactos e as ligações online não se perdem.

A nova tentativa de angariar utilizadores surge no mesmo dia em que foi noticiada a morte, por razões não divulgadas, de Ilya Zhitomirskiy, 22 anos, um dos quatro jovens fundadores.

Daniel Grippi, Ilya Zhitomirskiy, Maxwell Salzberg e Raphael Sofaer, estudantes no Instituto Courant de Ciências Matemáticas da Universidade de Nova Iorque, tiveram a ideia de criar a Diaspora (o nome oficial é Diaspora*, com um asterisco) depois de terem assistido a uma palestra sobre software livre.

Em finais de Abril de 2010, colocaram um pedido de funcionamento no site Kickstarter, que lista projectos para os quais qualquer pessoa pode contribuir. O objectivo era chegar aos dez mil dólares, quantia que lhes permitiria trabalhar no projecto durante o Verão.

Duas semanas depois de terem feito o pedido, já tinham angariado 23 mil dólares. Nessa altura, o New York Times fez um artigo sobre o assunto e a Diaspora acabou por ganhar exposição mundial: quatro jovens idealistas a quererem ultrapassar o Facebook e devolver às pessoas a possibilidade de estarem em contacto quase permanente umas com as outras sem que para isso tenham de dar em troca pedaços da sua privacidade. Os donativos dispararam e chegaram aos 200.641 dólares, doados por 6479. Uma delas foi o próprio fundador do Facebook, Mark Zuckerberg.

Embora esteja a ser seguida atentamente por alguns entusiastas e media especializados, há quem argumente que, com o Facebook a reunir cerca de 800 milhões de utilizadores e com o Google a esforçar-se para que o seu site descole (tem actualmente 40 milhões de utilizadores) já não há espaço para um projecto deste género.

"O triste facto é que a Diaspora pode ser melhor do que o Facebook de muitas formas – a interface de utilização é mais limpa e mais bonita, por exemplo – mas no fim isso pode não ser importante", escrevia, há dois meses ,Dan Lyons, um conhecido colunista de tecnologia americano. "A maioria das pessoas ainda vai ao Facebook simplesmente porque é lá que estão todos os amigos delas".

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