Mais de um ano depois, Portugal ficou em branco

Foto
O jogo entre Bósnia e Portugal foi equilibrado Nikola Solic/Reuters

A selecção nacional empatou sem golos na primeira mão do play-off de acesso à fase final do Euro 2012. A equipa de Paulo Bento dominou a partida, mas desperdiçou algumas boas oportunidades e ainda sofreu um par de calafrios na segunda parte. A decisão fica adiada para o encontro da segunda mão, marcado para terça-feira (21h, RTP1), em Lisboa.

Foi um jogo físico, de muita luta. O muito falado relvado de Zenica, mal tratado e com areia em abundância, não contribuiu para a qualidade de um jogo disputado mas sem jogadas espectaculares.

A boa notícia é que a selecção nacional não sofreu golos. Depois de conceder cinco nos últimos dois jogos (contra Islândia e Dinamarca), Portugal conseguir manter a baliza inviolável. A nota negativa foi o facto de a equipa nacional não ter conseguido marcar golos pela primeira vez em 12 encontros. É necessário recuar mais de um ano até à última ocasião em que a selecção tinha ficado em branco (derrota 0-1 diante da Noruega, a 7 de Setembro de 2010).

Paulo Bento promoveu uma novidade no equipa inicial: Miguel Veloso foi titular no meio-campo, ao lado de Raul Meireles e João Moutinho. Para além da saída de Carlos Martins do “onze”, regressaram Pepe e Fábio Coentrão para os lugares que foram ocupados por Rolando e Eliseu na partida anterior, a última da qualificação para o Euro 2012, contra a Dinamarca (derrota 1-2).

A Bósnia entrou em campo empurrada por um ambiente fervoroso. Foram 15 mil os adeptos que lotaram o Estádio Bilino Polje, à espera de verem um desfecho mais favorável do que aquele a que tinham assistido há dois anos. Na altura, estas duas equipas disputavam um lugar no Mundial 2010 e Portugal foi a Zenica ganhar por 1-0 (golo de Raul Meireles), repetindo o resultado que se tinha verificado na primeira mão.

Num estado quase febril, de quem luta pela vida e contra o mundo, os anfitriões disputavam cada bola como se fosse a última. Depois, tentavam colocá-la nos pés de Edin Dzeko, o mais virtuoso da equipa de Safet Susic. Porém, esta urgência não deu particulares frutos e Rui Patrício foi um mero espectador durante a primeira parte.

Safet Susic teve de gerir a equipa tendo em conta não só as lesões mas também os jogadores em risco de castigo: ao todo eram nove. Com uma defesa improvisada (Spahic foi o único “sobrevivente” da linha normalmente utilizada), os bósnios tiveram de fazer adaptações no centro e nas laterais. Um facto aproveitado pela selecção nacional, que terminou a primeira parte com oito remates — embora apenas dois deles tenham levado a direcção da baliza.

A equipa nacional continuou melhor na segunda parte. Logo aos 51’ Cristiano Ronaldo fez um disparo, com a bola a sair mal, ao lado. O internacional português não escondeu a irritação e as imagens da televisão mostraram a causa: a bola sofreu um ressalto mesmo antes de o avançado do Real Madrid rematar.

O relvado, principal protagonista mediático na semana que antecedeu a partida, interferiu com a qualidade do jogo. A irregularidade da relva — onde a havia — levou a que se vissem muitas bolas despachadas pelo ar, de qualquer maneira.

E foi num lance em que a defesa bósnia não conseguiu despachar rapidamente que Portugal esteve perto de marcar. A bola ficou nos pés de Postiga, que confirmou uma exibição pouco inspirada. Em plena área adversária, o avançado do Saragoça atirou mal, para fora. Seria a última intervenção no jogo, porque pouco depois deu o lugar a Hugo Almeida.

Contudo, foi Safet Susic quem mexeu melhor na equipa. O técnico bósnio tirou Medunjanin e Salihovic para lançar Maletic e Ibisevic. Este último foi jogar na frente de ataque, com Dzeko, e esteve nos dois momentos de maior perigo dos anfitriões: primeiro (74’) dominou mal a bola, quando tinha tudo para rematar, e depois (81’), quando estava isolado, rematou mal por cima, desperdiçando a melhor oportunidade da Bósnia no encontro.

Já sobre o cair do pano, o golo de Portugal esteve à vista. Após um bom passe de Hugo Almeida, Cristiano Ronaldo viu Lulic brilhar ao impedir o remate com um grande corte. No canto que daí resultou, o guarda-redes Begovic segurou um toque defeituoso de Spahic que quase dava autogolo.

POSITIVOPepe

Foi o elemento em destaque no sector recuado de Portugal. Regressou à equipa após ausência e assinou uma grande exibição. Foi um dos responsáveis por o temível Dzeko ficar em branco.


Ibisevic

Foi a carta lançada por Safet Susic durante a segunda parte e a aposta quase surtiu efeito. O avançado do Hoffenheim foi jogar ao lado de Dzeko e mexeu com a partida. Trouxe dinâmica ao ataque da Bósnia e teve nos pés as melhores ocasiões da equipa da casa.


João Moutinho

Na ajuda à defesa como no apoio ao ataque, o médio do FC Porto é um trabalhador incansável. Mesmo num terreno em tão mau estado, destacou-se pela positiva.


NEGATIVOHélder Postiga

Não teve uma noite inspirada. Desperdiçou várias oportunidades de golo, durante a primeira parte, e no segundo tempo atirou ao lado (58’), quando tinha tudo para inagurar o marcador.


Nani

O extremo do Manchester United esteve muito apagado e passou ao lado da partida. O relvado não ajudou ao seu estilo de jogo, mas mesmo assim Paulo Bento manteve-o em campo durante os 90’. Com certeza não seria desta forma que Nani queria assinalar a 50.ª internacionalização


Ficha de Jogo

Bósnia-Herzegovina, 0


Portugal, 0


Jogo no Estádio Bilino Poljez, em Zenica.Assistência Cerca de 15.000 espectadores

B. Herzegovina

Zahirovic, Jahic, Spahic, Salihovic (Ibisevic, 67’), Rahimic, Medunjanin (Maletic, 67’), Lulic, Pjanic, Misimovic (Ibricic, 86’) e Dzeko. Treinador Safet Susic.

Portugal

Rui Patrício, João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Fábio Coentrão, Raul Meireles (Rúben Micael, 81’), Miguel Veloso, João Moutinho, Nani, Cristiano Ronaldo e Hélder Postiga (Hugo Almeida, 65’). Treinador Paulo Bento.

Árbitro

Howard Webb (Inglaterra)

Amarelos

Salihovic (17’), Postiga (42’) e Jahic (42’).

Golos

Não houve.

Notícia actualizada às 22h36
Sugerir correcção
Comentar