É bem melhor quando se pode levar o skate no bolso

Lá por envolver um skate em miniatura, não quer dizer que o fingerboard seja um desporto para meninos

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O fingerboard permite reproduzir as mesmas manobras que se fazem no skate normal Otávio Socachewsky/ Flickr

Unhas partidas, desgaste dos pulsos e, talvez mais tarde, artroses. Estas poderão ser as “marcas de guerra” de quem pratica fingerboard. No fundo, é um desporto radical para os dedos.

No entanto, é raro ver os praticantes (riders) a queixarem-se das mazelas referidas. E para quem pensa que não o fazem porque se trata de uma modalidade para crianças, desengane-se. É habitual ver skaters (praticantes de skate normal) viciados no fingerboard. Ou seja, gente habituada a hematomas, escoriações ou entorses.

Masserra é uma dessas pessoas. Skateboarder de 24 anos, começou “a saltar por cima de cadernos” ainda antes do secundário. Quando chegou ao décimo ano, entrou para a turma de Loz, que já tinha ouvido falar das proezas que Masserra conseguia fazer com os dedos e uma mini-prancha.

Desde então, os dois jovens de Coimbra tornaram-se riders de fingerboard e hoje são o mais parecido que existe com o profissional da modalidade: “Isto é igual ao skate. A diferença é que aqui não te magoas e consegues equilibrar-te”, resume Masserra.

Qualidade de performance é um dos objectivos da Yellowood com a concepção dos seus fingerboards

Além disso, é um vício. “Eu estive conectado ao skate através dos meus amigos, mas nunca ‘skatei’. Só andava para trás e para a frente. Já isto, sempre me despertou o vício. Por isso é que eu sou gordo e ele [Masserra] é magro", diz Loz.

De Matosinhos para o mundo

O nível a que chegaram já lhes permite ter “modelos próprios, tanto de tábuas, como de rodas”, refere Philippe de Goyri, director executivo da “Yellowood”, empresa portuguesa dedicada à produção de fingerboards, instalada em Matosinhos.

Em suma, numa distinta casa trabalham três marcas nacionais na área: a Oakwheels, responsável pelo fabrico das rodas, a Ytrucks, responsável pelos eixos, e a mãe Yellowood, nascida em 2007, responsável pelas tábuas. Todas juntas formam a “Ystore”, que comercializa o produto final.

“Há muitos portugueses que não acreditam que as nossas marcas são portuguesas. E nem imaginam que é em Matosinhos que estamos”, revela Ricardo Lopes, director executivo da “Oakwheels”.

No fundo, aquilo que hoje existe começou quando Ricardo e Philippe trabalhavam juntos numa agência de design. Tinham um skate em miniatura e questionavam se aquilo daria para fazer manobras. Uma visita ao YouTube confirmou que sim.

Não perderam tempo e começaram a fazer tábuas. Formaram a empresa, deixaram a agência de design e dedicaram-se ao fingerboard. Hoje exportam para quase todo o mundo.

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