TAP continua a perder terreno nos aeroportos nacionais

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A TAP perdeu mercado em todos os aeroportos nacionais à excepção de Lisboa Pedro Cunha

Abertura de nova base da Easyjet em Lisboa fragiliza o único porto seguro da companhia de aviação portuguesa, em vias de privatização

Ao contrário das companhias low cost, a TAP perdeu mercado em todos os aeroportos nacionais à excepção de Lisboa. Entre Julho e Setembro, a transportadora aérea nacional sofreu a maior queda no Porto, onde a pressão da irlandesa Ryanair tem surtido efeito, consagrando-a como líder no tráfego de passageiros. Com a abertura da base da britânica Easyjet na Portela, o poder da companhia portuguesa na capital fica ameaçado.

De acordo com o boletim estatístico do Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC), relativo ao terceiro trimestre de 2011, a TAP alcançou em Lisboa uma quota de 59% no número de ligações efectuadas. Face ao mesmo período do ano passado, houve uma evolução positiva, ainda que ténue, da posição da transportadora, já que, nessa altura, detinha 58% do mercado.

O aeroporto da capital foi uma excepção à tendência de enfraquecimento do poder da companhia, que deverá ser privatizada em 2012. No entanto, com a abertura de uma operação da rival low cost Easyjet na Portela (que será posteriormente transferida para outro aeroporto da capital), a posição da TAP poderá vir a enfraquecer, tendo em conta o que aconteceu quando a Ryanair abriu as bases no Porto e em Faro.

A companhia britânica anunciou, na semana passada, que a operação vai ser inaugurada em Abril, com cinco novas rotas, podendo chegar progressivamente a 15 frequências a partir da capital. Este projecto vai permitir à empresa aumentar em 225 mil o número de passageiros transportados de e para Lisboa, alcançando um total de dois milhões e de quatro milhões em todo o país.

Queda mais forte no Porto

Apesar do crescimento na Portela, tanto no Porto, como no Funchal e em Ponta Delgada, a TAP perdeu terreno no terceiro trimestre deste ano. As maiores quedas deram-se no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, onde a empresa tem sido mais pressionada pela Ryanair, que abriu uma base aérea na Invicta em 2009. No terceiro trimestre deste ano, o relatório do INAC mostra que a low cost irlandesa voltou a ganhar mercado, passando a deter uma quota de 24%, em termos de movimentos, quando se ficava por 19% no mesmo período de 2010.

Quanto ao transporte de passageiros, manteve a liderança, com uma quota de 35%, que é comparável com os 28% da TAP. Esta escalada é ainda mais expressiva quando analisados os dados de 2009 - ano em que a Ryanair abriu a base aérea. No terceiro trimestre desse ano, altura em que instalou a operação em Portugal, a companhia de baixo custo ficava-se por uma quota de 10%, no que diz respeito ao tráfego de passageiros. Já a também low cost Easyjet teve uma evolução negativa, detendo agora 19% do mercado, quando, há dois anos, era dona de 23%.

Na Madeira, a TAP mantém-se na liderança, com uma quota de 34% no número de ligações efectuadas. Porém, no terceiro trimestre de 2010, a diferença face às rivais era mais acentuada, já que detinha 36% do mercado. E, nos Açores, recuou um ponto percentual no número de passageiros transportados de e para o aeroporto de Ponta Delgada (dominado pela SATA), fechando o mês de Setembro com uma quota de 4%.

Em Faro, onde a Ryanair também tem uma base aérea, o ranking permaneceu praticamente inalterado, com a companhia irlandesa a arrecadar a maior fatia do mercado (25%), em termos de tráfego, e de 23% no que diz respeito ao número de movimentos. Neste campo, a TAP detém uma quota de apenas 4% - igual à que registava entre Julho e Setembro de 2010.

Tráfego nacional subiu 6%

O boletim do INAC revela ainda que, no terceiro trimestre, o tráfego de passageiros em Portugal cresceu 6% face a 2010, com destaque para o aeroporto do Porto, que registou uma subida de 11,5%. Seguiram-se Lisboa e Funchal, com taxas de crescimento menos expressivas: 4,1 e 2,3%, respectivamente. O único aeroporto que teve uma redução do tráfego foi o da Madeira, com um abrandamento de 0,28%.

Foram as ligações internacionais que suportaram o aumento de passageiros, protagonizando um incremento de 9% no tráfego. Já o mercado doméstico teve o comportamento inverso, caindo 4%, penalizado pelas rotas internas na Madeira e nos Açores. Entre Julho e Setembro, deram entrada em Portugal seis novas transportadoras aéreas (uma ligada ao negócio da carga) e saíram do mercado nacional outras quatro, o que resultou num saldo positivo neste período.

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