O poeta Michael D. Higgins é o novo Presidente da Irlanda

Foto
Michael D. Higgins é conhecido activista dos direitos humanos e da língua e cultura gaélica Cathal McNaughton/Reuters

Michael D. Higgins, ex-ministro da Cultura e poeta de 70 anos, vai suceder a Mary McAleese na presidência da Irlanda, ao vencer por larga margem o candidato que, até à véspera das eleições, era apontado como favorito. Sean Gallagher, que se candidatou como independente, não resistiu às denúncias de que foi angariador de fundos para o Fianna Fáil (FF), o partido que os irlandeses culpam pela crise que forçou o país a recorrer a ajuda externa.

“Estou muito contente que esta presidência tenha sido construída numa campanha que deu ênfase às ideias. Prometo ser o Presidente de todos os irlandeses e de quem todos tenham orgulho”, afirmou o candidato dos trabalhistas (membros da coligação governamental), mal foram conhecidos os primeiros resultados oficiais (a contagem final só serão conhecidos nesta tarde).

Contadas as primeiras preferências (na Irlanda os eleitores listam os candidatos pela ordem da sua escolha), Higgins obteve 40 % dos votos, seguido de Gallagher (28,5%) e de Martin McGuinness (13,7%), o vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte que agitou a campanha, ao entrar na corrida pela presidência com o propósito de lutar pela unificação da ilha.

E à polémica inicial, o candidato do Sinn Féin juntou um incidente final, quando no último debate televisivo acusou Gallagher, então à frente nas sondagens, de ter recebido dinheiro de um empresário com cadastro criminal para financiar o FF. A denúncia revelou-se fatal, num país ainda a digerir os efeitos da especulação e das ligações perigosas entre a política e a finança.

Os resultados são um alívio para o primeiro-ministro Enda Kenny, a braços com a execução de um difícil programa de austeridade e que viu o candidato do seu partido (Fine Gael) ficar em quinto lugar. Mas são também positivos para o SF, que vê assim reforçada a sua votação na República.

O "Irish Times" destacava também a boa notícia para os irlandeses que, depois de uma campanha marcada por ataques pessoais, elegem um Presidente conhecido pelo seu apego à cultura, à língua gaélica e aos direitos humanos. “O populismo deu lugar aos princípios”, escreveu o diário no seu editorial.

Sugerir correcção
Comentar