Living PlanIT espera começar primeira fase da "cidade do futuro" de Paredes em 2012

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O projecto está a ser desenhado pelo atelier Balonas Menano dr

CEO da Living PLanIT, Steve Lewis, afirma que, "apesar da actual situação do país", fará "anúncios importantes" sobre o projecto nas próximas semanas, com apoio do Governo

O Projecto PlanIT Valley, uma cidade construída de raiz com as soluções urbanísticas e as tecnologias mais inovadoras que a Living PlanIT (LP) pretende construir num território de 17,5 quilómetros quadrados em Paredes, pode começar a ver a luz do dia em 2012. Assim espera o director executivo da LP, Steve Lewis, que ontem, à margem da conferência Polaris Future Cities, no Porto, afirmou ao PÚBLICO que nas próximas semanas deverá estar em condições de "fazer, com o Governo, alguns anúncios importantes".

O PlanIT Valley foi considerado um Projecto de Interesse Nacional (PIN) pelo anterior Governo mas, desde o anúncio, em 2009, da localização desta cidade do futuro nada de concreto foi ainda realizado. Lewis admite que as coisas andaram mais lentamente do que gostaria, mas garantiu que, independentemente da situação do sistema financeiro e da economia portuguesa, conta com o interesse de fundos de capital de risco que permitem avançar com a primeira das 17 vagas de construção do projecto, que passam pela instalação de algumas empresas e pela construção das áreas habitacionais para os trabalhadores e respectivas famílias.

A perspectiva de ter a poucos quilómetros do Porto um campo de aplicação de urbanismo e tecnologias associadas ao que se costuma designar, com alguma simplicidade, "cidade inteligente", tradução literal do inglês smart cities, atraiu o interesse da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Entidade que, como o PÚBLICO ontem anunciou, pretende criar um centro de competências para agregar a investigação da Universidade do Porto que, em múltiplas áreas, cabe sob este chapéu. O pontapé de saída para esta nova aposta da FEUP, a conferência Polaris Future Cities, junta, até hoje, na Fundação António de Almeida, no Porto, dezenas de investigadores e empresas de vários países que, de alguma forma, estão a preparar as cidades onde viveremos dentro de alguns anos.

Um dia depois de São Pedro ter atirado do céu uma demonstração da falibidade do urbanismo português e da qualidade das nossas infra-estruturas, a abertura da conferência foi uma espécie de raio de sol a espreitar por entre nuvens sombrias - as da crise, no caso. Por esse mundo fora estão a ser testadas, em muitos casos, e amplamente utilizadas, noutros, soluções tecnológicas que tornam a nossa vida mais simples. A questão, como se percebeu na apresentação de Steve Lewis e de Markus Breitbach, que dirige na Deutsche Telekom uma unidade que desenvolve tecnologias de comunicação máquina a máquina (M2M), é conseguir integrar todas essas tecnologias num sistema em que os dados gerados por cada dispositivo possam ser transformados em informação utilizável pelas pessoas.

A pensar num mundo que, em 2050, terá 70% da população a viver em meio urbano, Steve Lewis está a projectar uma cidade sustentável em que todas as infra e superstruturas estão equipadas, à nascença, com sensores capazes de gerar fluxos de dados sobre aquilo que quisermos medir. Dados úteis para gestão da água e dos resíduos, ou da energia que cada edifício consome e produz, por exemplo.

No fundo, na mente do fundador da PlanIT Valley está uma espécie de cidade total. Que suscitará, obviamente, questões de legalidade, dada a possibilidade que abre à vigilância de todos os nossos movimentos. João Barros, docente da FEUP e director do programa Carnegie Mellon Portugal, lembra que a tecnologia anda sempre à frente da legislação, e considera, por isso, que o Direito terá de se debruçar sobre as consequências dessas alterações, para que se defina um compromisso entre o que é a comodidade do cidadão (que hoje aceita usar um cartão de crédito, permitindo que se saiba tudo o que compra, e onde) e o seu direito à privacidade.

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