Easyjet abre base aérea na capital em Abril com cinco novas rotas

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Portugal representa 7% das receitas da Easyjet REUTERS/David Moir (

Transportadora britânica assinou hoje um acordo com o Governo que prevê transferência futura para aeroporto exclusivo para as low cost.

A Easyjet vai inaugurar um base aérea em Lisboa, em Abril do próximo ano, depois de uma alteração no calendário inicial. A companhia de aviação assinou hoje um acordo final com o Governo, que prevê a transferência futura da operação para uma nova infra-estrutura, dedicada exclusivamente às companhias low cost.

O objectivo da transportadora britânica é aumentar o tráfego a partir de capital para dois milhões de passageiros, no prazo de um ano, sendo que, para já, irá criar 100 postos de trabalho directos.

Em declarações ao PÚBLICO, o director da Easyjet para Portugal, Javier Gándara, avançou ontem, em primeira mão, que a inauguração "vai ser em Abril".

O projecto, que estava inicialmente previsto para o período do Inverno, atrasou-se devido "à necessidade de ter uma ideia mais clara da operação" e também ao debate que se gerou em redor "do futuro do novo aeroporto e da possibilidade de se estudar novas localizações", explicou.

A mudança de Governo também terá tido uma quota-parte de responsabilidade neste processo. Recorde-se que a empresa britânica já tinha feito um anúncio oficial de abertura da base em Março.

Nessa altura, numa cerimónia em que esteve presente o antigo primeiro-ministro, José Sócrates, e vários membros do anterior executivo, o projecto do novo aeroporto de Lisboa ainda estava em cima da mesa.

Quatro milhões de clientes

"Andamos em negociações há 18 meses. Começámos com o antigo Governo e, assim que o novo tomou posse, a nossa intenção foi continuar as conversações com ele", afirmou Javier Gándara.


O acordo entre o Governo e a companhia britânica foi assinado hoje, estabelecendo como condição a futura transferência da operação para uma infra-estrutura exclusiva para as low cost, cumprindo o objectivo já anunciado pelo ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. "Vamos começar por operar no aeroporto da Portela", avançou o director da Easyjet.

"O modelo de negócio [da empresa] assenta em bases aéreas localizadas em aeroportos principais", explicou. Quando for finalmente escolhida a localização para a infra-estrutura de baixo custo, a operação da empresa será transferida. "Estamos dispostos a discutir alternativas e estamos comprometidos a participar nesse processo", adiantou o responsável.

Em Março, a low cost britânica tinha anunciado um investimento de 300 milhões de euros na base em Lisboa, onde teria a seu serviço três a sete aviões com o objectivo de chegar aos 4,4 milhões de passageiros transportados em Portugal.

O plano não sofreu alterações, à excepção das expectativas da empresa em relação ao tráfego, já que, agora, as previsões apontam para que chegue aos quatro milhões, no primeiro ano de operação.

Rotas com incentivos

Neste período de tempo, a nova base vai contribuir com um acréscimo de 225 mil passageiros, de acordo com contas da empresa, elevando para dois milhões os clientes transportados de e para a capital.


A ideia é fomentar o tráfego com a criação de cinco novas rotas (Amesterdão, Copenhaga, Bordéus, Veneza e Astúrias). Javier Gándara avançou ao PÚBLICO que a estratégia passa por "ligar Lisboa às principais cidades europeias, aumentando o número de portugueses que viajam para fora pela Easyjet".

Estas ligações deverão contar com os incentivos atribuídos pelo Turismo de Portugal e pela ANA, dos quais a empresa já é beneficiária, tendo recebido, desde 2007, apoios para cinco das suas frequências.

Portugal pesa, actualmente, cerca de 7% nas receitas da transportadora. E, apesar da instabilidade económica, o responsável garantiu que é uma boa altura para investir.

"Pensamos na crise como uma oportunidade porque as pessoas tomam decisões mais conscientes no que diz respeito ao preço e nós podemos beneficiar disso", explicou.

Além da Easyjet, também a Ryanair quer abrir uma base em Lisboa, mas as negociações com esta companhia ainda não tiveram um desfecho positivo.

Para a TAP, esta investida pode ter impactos significativos. Um estudo interno da companhia nacional, que o PÚBLICO noticiou recentemente, mostra que a empresa estatal, que está em vias de privatização, poderá perder dois mil milhões de euros por causa das rivais low cost e até ser forçada a encerrar as portas.

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