Estudo da UNESCO indica que a conclusão do secundário em Portugal é das mais baixas

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Entre os adultos, Portugal pertence aos países em que a educação secundária "não é comum" Nelson Garrido

O estudo Global Education Digest 2011, hoje apresentado em Nova Iorque pela agência da ONU para a Educação, Ciência e Cultura, indica que em 2008 a taxa bruta de conclusão de ensino secundário em Portugal era de 67 por cento, fazendo do país um de apenas dois entre o grupo da América do Norte e Europa Ocidental a registar uma taxa inferior a 70 por cento.

A maioria destes finalistas "concluem programas que levam à educação terciária", mas em países como a Bélgica, Dinamarca, Grécia, Irlanda, Luxemburgo, Noruega e Holanda, pelo menos um quarto dos alunos concluem programas "desenhados para prepará-los para o mercado de trabalho", refere o relatório.

Entre os adultos, Portugal pertence aos países do grupo ocidental em que a educação secundária "não é comum", a par de Chipre, Grécia, Irlanda ou Espanha.

"Muitos membros de gerações mais velhas só concluíram a educação primária na sua juventude, enquanto os grupos mais jovens têm maior probabilidade de continuar a sua educação para os níveis secundário e pós-secundário", refere a UNESCO.

Os dados da organização colocam Portugal entre os países em que as matrículas nos níveis superiores de ensino secundário diminuíram entre 1999 e 2009, enquanto a percentagem de matrículas em programas de educação técnica vocacional, para os mesmos níveis, subiram.

Do mesmo grupo fazem parte países como a Finlândia, Islândia, Holanda, Noruega e Espanha.

O relatório da UNESCO dá conta de uma expansão do ensino secundário a nível internacional desde 1999, de 72 por cento para 80 por cento, embora salienta que este está ainda "longe de ser universal" e é ainda muito baixo em países africanos ou sul-americanos.

A organização defende um reforço da participação nos níveis superiores de ensino secundário e que estes tenham conteúdos "relevantes para as exigências do mercado de trabalho", indo "ao encontro das necessidades sociais e económicas específicas de cada país".

Esta aproximação deve ser feita tendo em conta "a localização de escolas, capacidade física de instalações, inserção de componentes nos currículos, necessidades locais do mercado de trabalho e a disponibilização de professores e materiais de instrução", adianta.

Além disso, é preciso identificar melhor "as barreiras que impedem as crianças de entrar no ensino", que estão em crescente desvantagem enquanto aumenta a percentagem de crianças e jovens que frequentam a escola.

O estudo da UNESCO aborda também métodos de ensino nos diferentes países, surgindo Portugal entre os que menos tempo de aulas dedica à leitura e escrita - 11 por cento, a par do Japão.

Para adolescentes entre os 12 e 14 anos, em 2009 a componente obrigatória que mais peso tinha no tempo de aulas era "Línguas modernas estrangeiras", mais do que matemática e ciência.

A outra metade do currículo era dedicada a "outras componentes" obrigatórias.