Teixeira dos Santos a favor da reestruturação das dívidas de alguns países

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"A zona euro precisa de uma solução, não precisa de meia solução", diz Teixeira dos Santos Pedro Cunha/arquivo

A Europa deve identificar os países que não sejam solventes e reestruturar as suas dívidas, mantendo todos os países no euro, defende Teixeira dos Santos, que quer o envolvimento do BCE na solução para a crise.

O ex-ministro das Finanças, que falava durante uma conferência na Universidade Lusófona em Lisboa, defendeu que se aplique uma “reestruturação das dívidas dos países que não venham a ser considerados solventes”, mas num quadro em que seja possível “delimitar bem o âmbito desta intervenção e de ter recursos indispensáveis para sobreviver aos impactos”, especialmente no sistema financeiro.

O antigo governante afirmou também que é necessário alterar o actual Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) – e o seu sucessor permanente, o Mecanismo de Estabilização Europeia (MEE) – para que seja “mais expedito e menos contingente nas conjuntura políticas nacionais”.

Teixeira dos Santos referia-se ao período que se seguiu ao pedido de intervenção externa por Portugal, que ficou marcado pela profunda oposição ao pacote de resgate acordado com Bruxelas, por parte da terceira força política na Finlândia quando estavam em curso as negociações para a coligação governamental finlandesa.

Ainda sobre a solução que pode estar a ser desenhada, no que diz respeito ao FEEF, Teixeira dos Santos alerta para uma possível falta de capacidade financeira dos países ou de vontade política dos Governos para dar a capacidade financeira necessária ao fundo de resgate, defendendo aqui que o BCE passe a focar-se mais na estabilidade do sistema financeiro.

“Vai chegar a altura de pedir ao Banco Central Europeu que a sua principal função seja não a estabilidade dos preços, mas a estabilidade do sistema financeiro”, disse.

“A zona euro precisa de uma solução, não precisa de meia solução. O pior que podemos fazer nesta altura é sairmos com meias soluções”, acrescentou.

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