Equipa de socorro deixou Simoncelli cair da maca

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A equipa de socorro está a ser alvo de críticas Foto: Reuters

Fabio Venturi escreveu uma carta, divulgada online pelo jornal italiano La Repubblica, na qual questiona a forma como o italiano Marco Simoncelli, de 24 anos, foi transportado pelos socorristas do Grande Prémio da Malásia – também recebe as corridas do Mundial de Fórmula 1 – imediatamente após o acidente fatal. Mas as críticas não são feitas apenas pelo socorrista que tem 25 anos de experiência.

Simoncelli foi socorrido, depois do acidente, “de forma inadequada”. “Primeiro, num acidente como este, a ambulância deve entrar na pista e Marco deveria ter sido assistido de acordo com o protocolo”, lê-se na carta do perito italiano em serviços de emergência médica.

“Um médico devia avaliar a condição [do piloto ainda na pista] e transportá-lo com todo o cuidado que um caso como este exige”, disse Venturi, acrescentando que, após avaliação clínica no local do acidente, deveria ter sido colocado no pescoço do jovem piloto um colar cervical. Só posteriormente é que o motociclista deveria ter sido deitado numa maca adequada e imobilizado, para ser transportado convenientemente numa ambulância, considera igualmente o especialista.

"Nem um saco de batatas transportaria assim"

Mas o que aconteceu na realidade foi diferente: os socorristas presentes no circuito de Sepang, no último domingo, colocaram de imediato o piloto da Honda numa maca e transportaram-no para fora da pista, sendo que, já na relva que circunda o asfalto, o deixaram cair.

“Não digo que isto [o protocolo] lhe teria salvado a vida, não o presumo e nem tenho autoridade para o fazer”, afirmou Fabio Venturi, admitindo que, mesmo seguindo o procedimento habitual neste tipo de casos, todos os cuidados teriam sido “inúteis”, devido à violência do acidente. O especialista em socorro insiste, contudo, que a assistência foi “inapropriada e prejudicial”, acrescentando: “Eu não transportaria nem um saco de batatas daquela maneira.”

A terminar a missiva, Venturi apela a uma reflexão sobre a assistência que é prestada nas provas de velocidade, afirmando ainda que não quer “polémicas desnecessárias” e sublinhando que a assistência médica pode salvar vidas ou deixar alguém incapacitado.

Marco Simoncelli, que há um mês havia renovado o contrato com a Honda, sofreu o acidente quando ainda faltava completar a segunda volta do Grande Prémio da Malásia, acabando por morrer no centro médico do circuito, após várias tentativas de reanimação. Tinha já no currículo o título mundial de 250cc em 2008, ao serviço da Gilera, e talento suficiente para poder vir a ser campeão mundial de MotoGP.

Veja o vídeo do transporte de Simoncelli em macaNotícia actualizada às 12h14
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