Extinção do IDT fará detonar “novo surto do tráfico e consumo”, diz PCP
"Nesta conjuntura, de agravamento da recessão económica e regressão social e de afundamento do país, a liquidação do IDT terá no curto/médio prazo um efeito detonador num novo surto do tráfico e consumo de drogas ilícitas e dos problemas ligados ao álcool, fará recuar, tendencialmente, o país para os índices dos anos 80", defendem os comunistas, em comunicado.
O PCP considera que a extinção do IDT transformará a intervenção do Estado nesta área em "respostas de caridade e propaganda" como as do "extinto projecto Vida", levando a uma situação de "criminalização dos consumidores, perseguidos pela polícia, e para a eclosão de bairros de marginalidade e criminalidade massiva".
"A não ser travado, será o regresso ao flagelo social dos governos de Cavaco Silva e aos bairros do tráfico, novos Casal Ventoso, por todo o país", acusam.
O grupo de trabalho para as questões da Toxicodependência e Narcotráfico do PCP critica que o Executivo esteja a seguir a "via do ‘facto consumado'" e não a "implementação de uma nova política" que "está a proceder à destruição da estratégia consolidada do país nesta matéria".
"A evolução positiva da situação nacional nesta matéria, que já tinha sofrido um refluxo com os cortes do governo PS, leva agora uma machadada mortal com o OE de 2012, que reduz as verbas para esta área em 13 por cento (menos 16 por cento para pessoal e menos 17 por cento para fármacos)", argumentam.
Na quarta-feira, o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Leal da Costa, anunciou que o IDT será extinto e transformado numa direcção-geral - Serviço de Intervenção dos Comportamento Aditivos e Dependências (SICAD).
O presidente do IDT, João Goulão, admitiu hoje que não apoiaria a decisão de passar o tratamento e prestação de cuidados a toxicodependentes e alcoólicos para as Administrações Regionais de Saúde (ARS) e alertou que um possível desinvestimento pode ser "perigoso".
"Estamos preocupados e gostaríamos de ver garantida a continuidade do modelo integrado que vimos praticando, mas é prematuro fazer algum tipo de julgamento ou entrar em desespero", disse.
O ainda presidente do IDT disse que gostaria que fosse mantida a independência do programa vertical que tem sido gerido até aqui e alertou que o actual contexto económico-social "é propício a que haja um recrudescimento do fenómeno".