Quase metade dos portugueses não comprou uma única peça de roupa no 1º semestre
No primeiro semestre 47% dos portugueses não compraram uma única peça de vestuário por contenção de despesas, mais 3,8 pontos percentuais do que em idêntico período do ano passado. De acordo com um estudo da Kantar Worldpanel, apresentado esta manhã, as compras de roupa em Portugal caíram 1,3% em volume entre Janeiro e Junho.
Os portugueses compram menos, mas quando o fazem optam por fazê-lo em maior quantidade, aproveitando as promoções. As vendas online representam 1% do valor total do mercado, revela o mesmo estudo.
No grande consumo, a crise já está a levar menos portugueses aos centros comerciais, numa tentativa de travar as compras por impulso: as visitas aos shoppings caíram 8,8 por cento este ano, face ao ano passado, e 20% em comparação com 2007.
De uma forma geral, e depois de um forte travão nos primeiros três meses do ano, o segundo trimestre foi marcado por uma “pequena recuperação no consumo no lar”, afirmou Paulo Caldeira, director de comunicação da Kantar Worldpanel. Compra-se o mesmo, gasta-se menos por cada acto de compra e vai-se mais vezes ao supermercado. “Independentemente dos aumentos de preços, nas suas escolhas o consumidor consegue que o impacto [na conta] não seja tão grande”, destaca.
Há três estratégias que têm sido utilizadas para contornar a crise: aproveitar as promoções, comprar mais produtos de marca da distribuição e substituir um produto por outro (por exemplo, em vez de comprar carne de vaca, optar pelo frango).
A quota das marcas próprias chega aos 36,6% no consumo em geral e aos 40% na alimentação. Tendo em conta os efeitos das medidas de austeridade, incluindo o aumento do IVA, a Kantar estima que a quota global destes produtos possa chegar aos 42%.
A categoria de produto que mais subiu nas vendas no primeiro semestre foi o take away (6,3% de aumento em valor face ao ano passado). As bebidas aumentaram em volume (1,1%), mas desceram em valor (0,9%), o que significa que os portugueses estão cada vez mais atentos aos preços.
“Fazem-se mais refeições em casa, mas devido aos problemas de falta de tempo também se opta pelas refeições económicas já prontas”, diz Paulo Caldeira.
Quase 60% dos lares portugueses estão a gerir com mais cuidado as suas despesas diárias e 22% admitem que já têm dificuldade em comportar despesas essenciais (eram 19% em 2010). Este grupo de consumidores mais prejudicados pela crise já leva almoço para o trabalho, mudou a loja onde habitualmente faz compras e passou a comprar outras marcas. De acordo com o estudo, o peso dos supermercados Lidl e Minipreço nestes consumidores é maior.
A tendência de fazer mais comida em casa deverá manter-se em 2012, avança Sónia Antunes, directora da Kantar Worldpanel em Portugal.