Birmânia promete fim da censura
Numa altura em que o país se tem multiplicado em reformas políticas, Tint Swe, director do Departamento de Vigilância da imprensa disse à Radio Free Asia (RFA) que “a censura da imprensa não existe na maioria dos outros países, incluindo os nossos vizinhos, não está em harmonia com as práticas democráticas e deve ser abolida num futuro próximo”. Mas, avisou Tint Swe, os jornais e as outras publicações deverão aceitar esta liberdade, dando provas de responsabilidade, acrescenta o comunicado divulgado pela RFA e citado ontem pela AFP.
O Presidente Thein Sein, que assumiu funções em Março após a dissolução da junta militar, tem tentado provar à oposição e às potências ocidentais que está determinado em avançar com reformas profundas no país e há sinais claros de que alguma coisa está a mudar na Birmânia.
Depois das eleições contestadas de Novembro de 2010 e da libertação da líder da oposição Aung San Suu Kyi, os meios de comunicação birmaneses têm feito eco das actividades da Nobel da Paz, algo que era completamente tabu há poucos meses.
A censura na Birmânia era até agora considerada como uma das mais severas e repressivas do mundo. Muitos jornalistas ainda se encontram presos, incluindo dois que foram condenados recentemente. A partir de Junho as regras começaram a ser suavizadas para certas publicações, nomeadamente aqueles que se dedicam ao desporto e ao lazer.
Um jornalista de Rangum, citado sob anonimato pela AFP, saudou o anúncio de Tint Swe com “um certo optimismo temperado com uma prudência saudável”.
A organização Repórteres sem Fronteiras, que colocou a Birmânia em 174 lugar no ranking da liberdade de imprensa do mundo, num total de 178 países, considera que o sistema de censura birmanês é “virtualmente único do mundo”.