O homem que inspirou gerações

Um produto só é bom quando faz as pessoas sorrirem: é esta uma das lições que Steve Jobs deixa a "start-ups" portuguesas

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Milhões de jovens foram influenciados pelas ideias de Steve Jobs Reuters

A internet inundou-se de mensagens – de pesar, tristeza, tributo. Steve Jobs morreu e o mundo – não uma geração, não um país ou uma região – vestiu de negro.

As rápidas reacções de Bill Gates, Sergey Brin e Mark Zuckerberg - o pai do Windows, o co-fundador do Google e o “menino” Facebook - revelam-nos uma realidade aumentada: três gerações de empreendedores mostravam que a idade não importa. Que Jobs era um homem transversal. Capaz de inspirar gerações inteiras. 

E a influência de Steve Jobs "foi muito além da inovação tecnológica", começa Luís Agrellos, da Gema, que trabalha na criação de interfaces gráficas. O homem da Apple ensinou-lhes que os produtos são para as pessoas. "Parece simples, mas a verdade é que é esquecido muitas vezes", diz Diogo Barbosa, da mesma empresa. "Ele garantiu que as pessoas têm uma relação com o produto, o conceito de 'user friendly'".

Criar necessidades

Ele disse-nos o que precisávamos antes de sabermos sequer que precisávamos. Rui Biscaia, da Critical Software, costuma dizer que Jobs "criou necessidades nas pessoas". Algo que encaixa na perfeição no cognome de "visionário" associado ao americano.

Foi da Apple o primeiro computador portátil dos directores da Critical Software e isso não é uma realidade exclusiva da empresa de Coimbra. A "revolução" de Steve Jobs também passa por aí.

Para André Moniz, um dos fundadores da Blip, Steve Jobs "quis mudar o mundo para melhor", o que, diz o jovem engenheiro, o faz pensar nos produtos que cria. "Ele sempre acreditou nas suas ideias. É isso que devemos pensar. Devemos apostar no nosso valor e na nossa qualidade para obter níveis de satisfação cada vez mais altos", diz Moniz, para quem os discursos de Jobs foram também uma inspiração "ao nível da gestão de colaboradores".

Uso Apple e sou feliz

A primeira versão do iPhone não permitia o envio de mensagens multimédia. Na altura, a Wit Software desenvolveu uma aplicação que permitia o envio, uma funcionalidade que, na versão seguinte, já foi implementada. Luís Moura Silva, fundador e CEO da empresa, tem, por isso, uma íntima relação profissional com a Apple, mas não só: “Vivo rodeado de produtos Apple e sinto-me feliz.”

Com Jobs, Luís Moura Silva aprendeu a importância da "usabilidade da tecnologia". "Em muitas apresentações de aplicações, quando a minha opinião é solicitada, às vezes chamo a minha secretária ou outras pessoas que não vivem com tecnologia e peço-lhes opinião. Se, ao utilizar a aplicação, a expressão verbal não for um sorriso, digo que é para refazer."

Esta era, diz, “a religião Steve Jobs”, uma ideologia que alterou o seu dia-a-dia e a Wit. “Nós não estamos só preocupados em fazer tecnologia. Queremos dar um sorriso ao mais comum dos mortais.”

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