Jovens consumidores ditam tendências do comércio electrónico

Fenómeno de compras em grupo veio para ficar

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O volume de vendas teve um aumento substancial no primeiro trimestre DR

Indiferente ao clima de recessão económica, o comércio electrónico continua a implementar-se em Portugal e os jovens assumem-se como "decisores" e "opinion makers" nesta área, afirma Manuel Paula, da Associação do Comércio Electrónico e Publicidade Interactiva (ACEPI).

Segundo o barómetro ACEPI/Netsonda (em pdf) referente ao segundo trimestre de 2011, 37% das lojas online inquiridas cresceram 20% e 14% aumentaram em 100% o volume de vendas, em comparação com o período homólogo do ano anterior. 

Não é uma coincidência que os produtos mais transaccionados pertençam às categorias de Electrónica/Telemóveis e Informática, mercados de "grande penetração junto do público jovem". Apesar da maioria estudar ou estar em início de carreira profissional, sendo os seus recursos económicos "escassos", os jovens são "quase sempre os decisores das compras que os pais fazem e são 'opinion makers' em muitas das decisões de compras da família", afirma Manuel Paula, em declarações enviadas por e-mail ao P3. 

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A eBay foi pioneira nas vendas pela Internet Gonçalo Santos

Pedro Quelhas Brito, docente na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), concorda: "O facto de os mais jovens estarem mais familiarizados com a internet, associado ao crescimento geral da presença online e à ideia deste mercado ser maior, mais diversificado e mais barato explicam este crescimento do comércio electrónico."

Pedro Quelhas Brito explica o fenómeno de compras em grupo em sites como o Groupon

Manuel Paula arrisca até um conselho: "As marcas devem, portanto, estar junto do público jovem, não só no curto prazo, mas a pensar no médio e longo prazo. As que conseguem estar próximas dos jovens de hoje estarão com maior probabilidade junto dos adultos de amanhã."

Docente acredita que jovens vão ser mais cautelosos com o dinheiro do que os pais

Compras em grupo

O futuro do comércio online passará, naturalmente, pelos 'smartphones'. Espera-se, igualmente, que os serviços de compras em grupo se disseminem e também aqui as redes sociais têm um papel fundamental. Neste fenómeno, que tem o Groupon como a referência mais conhecida em Portugal, existem promoções agressivas, de curta duração, que proporcionam descontos titânicos.

É possível, por exemplo, tirar a carta por pouco mais de cem euros com aulas teóricas e práticas incluídas. No entanto, esta promoção só será válida se for obtido um certo número de vendas num curto espaço de tempo. Por vezes, o consumidor interessado acaba por convencer amigos e conhecidos a inscreverem-se no site e aderirem à promoção para assim poder usufruir do serviço. "Aqui quem nos influencia são as pessoas em que temos confiança", confirma Quelhas Brito.

As promoções são renovadas regularmente e enviadas por e-mail para as pessoas inscritas no site. E o que ganham as empresas ao promoverem descontos tão atractivos? Marketing, acesso a novos clientes e uma forma de escoar produtos. "Win/win solution."

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