Palestina perto de obrigar EUA a veto no Conselho de Segurança

O pedido da Palestina para ser membro de pleno direito das Nações Unidas já tem o apoio de oito dos 15 países do Conselho de Segurança, disse ontem o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Riyad al-Malki. "E estamos a trabalhar duramente para ter [o apoio de] um nono e um décimo", acrescentou.

Se houver nove votos favoráveis à aprovação pelo Conselho de uma "recomendação" à Assembleia Geral para se pronunciar sobre a candidatura, os EUA usarão -como já anunciaram - o veto para o impedir. Algo que agravaria a sua imagem no Médio Oriente.

China, Rússia, Brasil, Índia, Líbano e África do Sul já declararam apoio ao pedido palestiniano, mas Malki disse ter recebido também garantias de voto favorável da Nigéria e do Gabão. Citado pelo diário israelita Haaretz, o ministro afirmou que os palestinianos têm duas opções para o nono voto - Colômbia ou Bósnia. Face ao anúncio de abstenção do Estado latino-americano, os seus esforços estarão a incidir sobre a Bósnia. Portugal ainda não revelou a sua posição.

O recurso ao veto é uma solução a que os EUA só querem recorrer em último caso e, por isso, segundo o Wall Street Journal, estão a procurar influenciar o voto de membros do Conselho de Segurança. Washington, um aliado fiel de Israel, encara os recentes desenvolvimentos como um revés dos seus esforços de paz e quer evitar surgir como o grande obstáculo ao reconhecimento formal da Palestina.

O pedido da Palestina foi transferido quarta-feira para o comité de adesões do Conselho de Segurança, onde as negociações podem prolongar-se por semanas. Ao previsível fracasso na obtenção de apoio do Conselho de Segurança, a liderança palestiniana deverá responder com um apelo directo à Assembleia Geral - onde pode conseguir uma alteração do actual estatuto de "entidade observadora" para "Estado observador não-membro".

O plano do Quarteto para o Médio Oriente - grupo formado por EUA, UE, ONU e Rússia - prevê o retomar de conversações no prazo de um mês e um acordo entre israelitas e palestinianos até ao fim de 2012. Como condição para o diálogo, os palestinianos reclamam que não sejam instalados novos colonatos de Israel na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

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