Corretor diz que quem manda no mundo é a Goldman Sachs

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Bobby Yip/ Reuters (arquivo)

A emissora pública britânica BBC entrevistou ontem um corretor independente que se manifestou totalmente incrédulo sobre a eficácia do novo acordo que estará a ser preparado na zona euro para aumentar a capacidade de resposta à crise das dívidas nalguns países europeus e que profetizou o desaparecimento das poupanças de milhões de pessoas.

Alessio Rastani, operador do mercado de capitais afirmou peremptoriamente que “os governos não mandam no mundo. Quem manda no mundo é a Goldman Sachs” – o principal banco de investimento dos Estados Unidos, onde são recrutados muitos presidentes de empresas e membros do Governo norte-americano, deixando os apresentadores do programa em que participava estupefactos com a sua candura.

Disse que o problema da zona euro não pode ser resolvido com o dinheiro que os políticos europeus querem aplicar (ontem foi noticiado que está a ser preparado o aumento do FEEF para dois biliões de euros), e considerou mesmo que o problema das dívidas soberanas não pode ser resolvido.

“Estou bastante confiante em que o euro se vai espatifar e que vai cair com bastante dureza, porque de momento os mercados são regidos pelo medo”, disse também Rastani, que confessou sonhar há três anos com este momento, que vai para a cama e sonha com outra recessão, “com outro momento como este” – numa espécie de declaração de interesses quanto à estratégia que recomenda.

Porquê? Porque a Depressão dos anos 1930 não foi só sobre o crash do mercado. Houve algumas pessoas que estavam preparadas para fazer dinheiro a partir desse crash. Pensa que qualquer pessoa pode fazer isso, e que não têm de ser apenas “algumas pessoas da elite” a aproveitar. “Quando o mercado afundar. Quando o euro e os grandes mercados de capitais afundarem, se souber o que fazer, se tiver preparado o plano certo, pode fazer muito dinheiro com isso”, explicou, deixando a audiência de queixo caído.

Rastani explicou que “o grande capital” (big money), como fundos e instituições, não compra este plano e sabe que o mercado de capitais está “acabado” e que já não confia no euro, estando a mudar o seu dinheiro para activos mais seguros, como obrigações do Tesouro dos EUA, obrigações a 30 anos e dólares americanos.

O que é que os políticos poderiam fazer para que os investidores se sentissem mais confortáveis? “Essa é difícil”, respondeu, acrescentando que pessoalmente isso não lhe interessa. Porque é corretor e só lhe interessam as oportunidades para fazer dinheiro, tal como aos seus colegas.

Como a Goldman Sachs e os grandes fundos, não querem saber deste novo plano para o euro, o que as pessoas têm de fazer é aprender a fazer dinheiro com o mercado em baixa, protegendo os seus activos. “Porque a minha previsão é que em menos de 12 meses as poupanças de milhões de pessoas vão desaparecer. E isto é apenas o princípio”, profetizou.

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