Kasuyo Sejima quer um projecto seu no Porto

A construção do pólo de Serralves em Matosinhos foi cancelada por falta de verbas

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Nishizawa e Sejima Nelson Garrido

A arquitecta japonesa Kazuyo Sejima, cujo gabinete – SANAA – venceu o concurso internacional para a concepção do pólo de Serralves em Matosinhos, depois cancelado por falta de verbas, continua a admitir que o projecto poderá vir a ser recuperado.

“É possível”, disse Sejima, acrescentando que ela e o seu associado, o arquitecto Ryue Nishizawa, também estariam disponíveis para desenvolver outro qualquer projecto no Porto, caso Serralves 21 não venha a concretizar-se.

“Esta é a sexta vez que venho ao Porto, e acho que é uma cidade muito bonita”, disse a arquitecta, que acabara de dar, com Nishizawa, uma conferência na Casa da Música, integrada no ciclo Talks, organizado a pretexto dos 30 anos de carreira de Souto de Moura.

“Ficaremos muitos contentes se, no futuro, surgir a possibilidade de aqui fazermos um projecto”, garantiu a vencedora do prémio Pritzker de 2010, sentada num camarim do edifício projectado pelo prémio Pritzker de 2000, Rem Koolhaas, e falando no intervalo de um programa de homenagem ao prémio Pritzker de 2011, Souto de Moura.

Claros e Luminosos

Não será, pois, por falta de vontade de Sejima que o Porto deixará de somar outro edifício com a assinatura de um Pritzker aos que Siza Vieira, Koolhaas e Souto de Moura já projectaram na cidade.

O respeito pela natureza, a importância dada à envolvente, o desejo de leveza e transparência, a ideia da arquitectura como a arte de criar espaços que promovam o encontro entre pessoas – quando comissariou, em 2010, a 12.ª Mostra Internacional de Arquitectura da Bienal de Veneza, Sejima propôs o tema People meet in archirecture –, são algumas das características geralmente associadas ao trabalho do SANAA.

Na sua sofisticada simplicidade, os projectos de Sejima e Nishizawa têm muito da cultura japonesa, e ambos o assumem. “Fomos criados no Japão e temos um gosto japonês”, diz a primeira, mas o segundo acrescenta que também conseguem “perceber as outras culturas e integrar elementos delas”.

Nishizawa adianta que entre as referências de ambos se contam “grandes arquitectos ocidentais” e que se consideram parte do “movimento global da arquitectura moderna”.

Um dos mais recentes projectos que viram finalizado, o Rolex Learning Center da Escola Politécnica de Lausanne, inaugurado em 2010, é um bom exemplo do estilo do SANAA: uma estrutura ondulante que parece flutuar no ar, com grandes superfícies envidraçadas e pátios interiores.

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