FC Porto partiu à frente mas foi-se evaporando

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O FC Porto esteve duas vezes em vantagem, mas o Benfica reagiu sempre Rafael Marchante/Reuters

O FC Porto fez uma primeira parte interessante e esteve duas vezes na frente. Mas o Benfica sobreviveu às penas e nunca desistiu. E teve mais finura e critério no segundo tempo, período em que os portistas se foram evaporando pouco a pouco. Tudo somado, o empate a dois golos acabou por ser um resultado aceitável. As duas equipas mais caras do futebol português tinham obrigação de conseguir melhor do que um espectáculo apenas sofrível.

Vítor Pereira e Jorge Jesus escolheram as equipas mais previsíveis, não se confirmando a hipótese de o técnico benfiquista abdicar de Nolito para dar ainda mais consistência ao miolo. A única meia surpresa acabou por ser o facto de o espanhol ter começado na direita, mas tudo voltou à normalidade ao fim de um quarto de hora. Do outro lado, subiram Otamendi, Guarín e Varela, fazendo com que o FC Porto começasse exactamente com o mesmo “onze” que na época passada goleou o Benfica, excepção feita, obviamente, à troca de Falcao por Kléber.

A partida começou com Hulk a mostrar-se. Jogava-se apenas há 50 segundos quando o brasileiro olhou Emerson nos olhos, meteu a bola na frente e arrancou como um foragido do meio para o centro, para concluir com um remate forte, mas demasiado alto.

O jogo prosseguiu quase sempre no mesmo sentido, com o FC Porto a ser o dono da bola e a impor o ritmo. Nada de verdadeiramente avassalador e muito menos espectacular. Mas o suficiente para que a equipa portista construísse algumas situações perigosas antes do primeiro golo. A primeira resultou de mais uma aceleração de Hulk, anulada por Artur. O brasileiro tentou o golo olímpico de livre, Kléber rematou à meia volta para defesa do guarda-redes, mas a grande chance surgiu perto da meia-hora, quando Fucile permitiu uma defesa extraordinária ao número um do Benfica, num lance que começou com mais uma arrancada de Hulk, seguida de assistência de Varela. Até aí, o melhor que o Benfica conseguiu foi um centro de Nolito, a que Cardozo chegou atrasado.

As duas equipas preocupavam-se, primeiro em não dar espaços e em não cometer erros, mas o FC Porto acabou por ver premiado o seu maior arrojo aos 37’: na sequência de um livre lateral de Guarín, Kléber ganhou nas alturas a Maxi Pereira e bateu Artur com um remate cruzado. Até ali pouco em jogo, o brasileiro colocava o Benfica pela primeira vez a perder esta época.

Seguiu-se um período confuso e com demasiadas quezílias, mas o Benfica empatou logo na alvorada da segunda parte, no primeiro lance de perigo que verdadeiramente criou. E em que contou com alguma displicência de Hulk, que perdeu a bola e ficou a reclamar uma falta inexistente. Rápido, Nolito assistiu Cardozo, que não fez cerimónia frente a Helton.

Mas o Benfica não teve muito para saborear. Três minutos depois, na sequência de um canto curto, Varela aproveitou a liberdade dada por Emerson e centrou recuado, surgindo Otamendi a marcar.

O jogo tornou-se mais aberto, as duas equipas perderam organização, mas isso foi-se tornando mais nítido principalmente no FC Porto, que começou a perder a luta a meio-campo e a não ser capaz de contra-atacar da melhor forma. Cardozo, após mais um passe inteligente de Nolito, fez o primeiro ameaço, valendo Helton ao FC Porto. O Benfica crescia, o FC Porto encolhia-se e Jorge Jesus trocou Nolito e Aimar por Bruno César e Saviola. Do outro lado, uma lesão na coxa obrigou à troca de Kléber por Rodriguez (Hulk passou para o meio).

O Benfica continuou mais consistente, mas o golo do empate surgiu de um lançamento lateral e numa distracção portista. Sem culpa disso, Gaitán surgiu solto na esquerda e aproveitou o passe acrobático de Saviola para empatar.

Vítor Pereira ainda lançou Walter, mas Jesus respondeu com a troca de Cardozo por Matic. O FC Porto ainda fez algum barulho na área do Benfica, mas tudo muito confuso e inócuo. Lucrou o Sp. Braga que hoje pode juntar-se aos líderes se bater o Nacional...

POSITIVOPrimeira parte do FC Porto

Durante 45 minutos, o FC Porto foi dominador e praticou um futebol à imagem dos seus pergaminhos. Empurrado por Hulk, criou as únicas oportunidades do jogo até então e marcou um golo por Kléber.


Eficácia do Benfica

Três oportunidades e meia bastaram para que o Benfica marcasse dois golos.


Garay

Atento e veloz, ajudou a resolver algumas das dificuldades criadas por Luisão.


Otamendi

O argentino jogou sempre bem e em antecipação. Não teve culpa nos golos do Benfica e marcou o segundo portista.


Jorge Sousa

Sem influência no resultado, decidiu quase sempre bem e um ou outro erro disciplinar não estragam uma boa exbição num jogo que nem sempre foi fácil de dirigir. Fucile queixou-se de uma agressão de Cardozo, mas isso não ficou nada claro.


NEGATIVOSegunda parte do FC Porto

Houve mérito do Benfica, que reagiu à adversidade e ao resultado negativo, mas houve principalmente incapacidade do FC Porto de gerir as vantagens. Podem os portistas contrapor que as “águias” marcaram praticamente nas duas primeiras oportunidades que criaram. Mas quem abdica de jogar e se acomoda cedo demais só tem de se queixar de si.


Ficha de Jogo

FC Porto, 2


Benfica, 2


Jogo no Estádio do Dragão, no Porto.Assistência 49.511 espectadores

FC Porto

Helton, Fucile, Rolando, Otamendi, Álvaro Pereira, Fernando, Guarin (Belluschi, 72’), João Moutinho, Varela (Walter, 86’), Hulk e Kléber (Cristian Rodriguez, 80’). Treinador Vítor Pereira.

Benfica

Artur, Maxi Pereira, Luisão, Garay, Emerson, Javi Garcia, Witsel, Nolito (Bruno César, 69’), Aimar (Saviola, 69’), Gaitan e Cardozo (Matic, 90’+1’). Treinador Jorge Jesus.

Árbitro

Jorge Sousa (Porto).

Amarelos

Otamendi (9’), Luisão (40’), Javi García (40’), Fucile (42’), Cardozo (42’), Alvaro Pereira (57’), Kléber (77’), Fernando (78’), Bruno César (88’) e João Moutinho (90’+2’).

Golos

1-0, por Kléber, aos 37’; 1-1, por Cardozo, aos 47’; 2-1, por Otamendi, aos 50’; 2-2, por Gaitán, aos 82’.

Notícia actualizada às 23h36
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