"Quis voltar e contribuir em movimentos sociais"

Ricardo Sá Ferreira estudou na Inglaterra e na Bélgica. Optou por regressar ao "lugar de pertença" por "motivos políticos"

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Adriano Miranda

Ricardo Sá Ferreira, de 24 anos, já viveu a realidade de estudar fora do país. Licenciou-se em Ciências Políticas e Relações Internacionais na Universidade de Kent, em Inglaterra, e estudou Economia Política Internacional em Bruxelas. No entanto, voltar para Portugal acabou por se tornar mais importante.

Optar por ficar em Portugal não é sinónimo de ter menos capacidades. "Estive em Bruxelas, tive algumas propostas de estágio e até rejeitei uma no sentido de querer voltar e voltei".

As razões que o levaram a voltar estão relacionadas com "o lugar de pertença" e também com "motivos políticos". "Queria voltar, queria contribuir nem que fosse em alguns movimentos sociais".

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Ricardo

Sem arrependimento 

Ricardo Sá Ferreira lamenta a fuga de cérebros mas acredita que ninguém pode viver atado a um lugar onde não há oportunidades

Actualmente, Ricardo está no segundo ano de mestrado em Sociologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e, "por enquanto", não se arrepende desta decisão.

"Sempre quis voltar, sempre quis estudar cá, sempre quis dar o meu conhecimento e contributo não só para a sociedade portuguesa mas também para o conhecimento académico".

Ricardo confessa que a falta de emprego no seu regresso a Portugal é "frustrante" e que as propostas de trabalho existem, mas não na área de especialização. "Acho que para uma pessoa que estuda, a melhor maneira de aplicar o seu conhecimento não é numa caixa do Pingo Doce".

Os estudos continuam a ser uma prioridade mas existe uma desmotivação pela pertença a uma "geração mais qualificada numa economia que não seja capaz de absorver isso". Para além de estudante, Ricardo é também membro do Conselho Pedagógico e representante do curso de Sociologia na FLUP, Presidente do Núcleo de Jornalismo Académico do Porto, activista político e dirigente do Bloco de Esquerda.

Como filho de imigrantes, Ricardo reconhece que a ida da família para o estrangeiro em busca de melhores condições de vida e também o desejo de regresso a Portugal o motivaram a fazer o mesmo. Contudo, não descarta a hipótese de um dia vir a emigrar: "uma pessoa tem de seguir os seus sonhos, os seus objectivos de vida. Se isso não cabe num país, a única coisa que nos falta fazer é sair".

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