Jacqueline Kennedy não gostava de Martin Luther King e dos franceses

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John e Jacqueline Kennedy

Jacqueline Kennedy não gostava nem dos franceses, nem do general De Gaulle. E o defensor dos direitos civis norte-americanos Martin Luther King era "um homem terrível". Meses depois do assassínio do marido, John F. Kennedy, um amigo e historiador fez-lhe uma entrevista. As cassetes áudio só agora foram conhecidas.

Os extractos da entrevista foram emitidos ontem à noite pela cadeia de televisão ABC e esta quarta-feira sai para as bancas o livro que resultou das oito horas de conversa entre Arthur Schlesinger e Jackie: Jacqueline Kennedy: Historic Conversations on Life with John F. Kennedy, editado pela filha, Caroline Kennedy.

A entrevista ocorreu quatro meses depois da morte de JFK, em Novembro de 1963, em Dallas. A viúva tinha 34 anos. Abundam descrições da vida da família Kennedy na Casa Branca - "os nossos anos mais felizes" - e de como o Presidente gostava de ter os seus filhos sempre por perto. Há intimidades reveladas (apesar de terem ficado de fora tópicos como os casos extraconjugais do Presidente), mas também detalhes sobre os momentos de tensão da Guerra Fria.

No auge da crise dos mísseis cubanos (1962), que levou o país a preparar-se para um confronto nuclear com a União Soviética, a primeira-dama implorou ao marido que a deixasse ficar, juntamente com os filhos, ao seu lado, na Casa Branca. Depois disso, Jackie contou que JFK se divertia a imaginar o seu assassinato, considerando que seria "o momento certo para o fazer" para que deixasse um legado positivo na História. "Lembro-me que, depois da crise dos mísseis, quando tudo se resolveu de forma tão fantástica, o John disse: "Bom, se alguém tiver o plano de me matar, esta é a altura". Viu naquele momento que não poderia ficar melhor".

Mas também se ficou a saber que John F. Kennedy temia pelo país com a ideia de que lhe pudesse suceder o seu vice-presidente Lyndon Johnson, o que acabou por acontecer. "Ele disse-me: "Oh, meu Deus, podes imaginar o que aconteceria se Lyndon fosse Presidente?"".

Da parte de Jackie, as antipatias iam para outro lado. "Simplesmente não consigo ver uma fotografia do Martin Luther King [herói da luta pelos direitos da população negra] sem pensar "este homem é terrível"". Contou que o Presidente lhe mostrara "uma cassete que o FBI tinha da altura em que Luther King esteve aqui [Washington] para a sua Marcha pela Liberdade. Ele disse, sem amargura nem nada, que ele estava a angariar todas aquelas raparigas e a tratar de uma festa de homens e mulheres, quer dizer, uma espécie de orgia no hotel".

Numa entrevista à ABC, Caroline afirmou que estes comentários resultaram de "actividades venenosas" do director do FBI, J. Edgar Hoover, e que a mãe "admirava extraordinariamente" Martin Luther King.

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