Liga dos bombeiros denuncia situação "inaceitável" de endividamento
Duarte Caldeira caracterizou a situação como “inaceitável” e explicou que este recurso se deve às dificuldades financeiras vividas nas associações, motivadas por dívidas da administração central e das autarquias.
O presidente da Liga disse que, neste cenário, “é cada vez mais difícil recrutar dirigentes para as associações humanitárias” e que se está a assistir “a uma espiral de endividamento perigoso”. Para ilustrar “o sufoco em que vivem os bombeiros”, Duarte Caldeira salientou que “em Mourão, Évora, se viram obrigados a dispensar bombeiros e em Aguiar da Beira, Guarda, três ambulâncias foram colocadas à venda”.
Em Leiria, uma associação teve de bater à porta dos bancos. O comandante dos bombeiros voluntários, Almeida Lopes, confirmou que “existem directores que recorreram à banca e deram os seus bens pessoais como garantia para poderem pagar os ordenados”. O responsável disse que, muitas vezes, não há dinheiro para o combustível das viaturas de emergência e que é recorrente algumas delas ficarem paradas à espera de verbas que assegurem a sua manutenção.
A corporação, sublinhou, “está nas mãos da boa vontade dos fornecedores” - revendedores de combustível e oficinas - a quem ficam a dever dinheiro.
Na sexta-feira, seis deputados do PSD eleitos pelo círculo de Leiria apresentaram no Parlamento um requerimento solicitando esclarecimento ao Governo sobre “atrasos significativos” na transferência de verbas oriundas do sector da saúde.
Dias antes, o presidente da federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria, Nélio Gomes, afirmara à Lusa que as dívidas do Ministério da Saúde às associações podiam levar a despedimentos e ter consequências no socorro às populações. Segundo este responsável, existem dívidas que já têm um ano, no que respeita ao transporte de doentes não urgentes, e sublinhou que só no distrito de Leiria a dívida “não andará muito longe do meio milhão de euros”.