Predadores da Antárctida “dão” prémio internacional a cientista português

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José Xavier ajudou a estabelecer um programa de investigação Antárctica em Portugal José Xavier

Depois de 12 anos a estudar albatrozes, focas, pinguins e outros predadores na Antárctida, e de ter ajudado a divulgar as regiões polares, o biólogo José Xavier acaba de ser nomeado o vencedor do Prémio Internacional Martha T. Muse 2011 para a Ciência e Política na Antárctida.

“É surpreendente e uma verdadeira honra receber tão prestigiado prémio”, comentou José Xavier, num comunicado da Universidade de Coimbra, onde é investigador.

O comité de selecção do prémio considerou “notável” a investigação deste biólogo marinho sobre “as dinâmicas predador-presa que sustentam as populações de albatrozes, focas, pinguins e outros grandes predadores no Oceano Antárctico”.

A primeira vez que este biólogo de 32 anos pisou o solo da Antárctida foi em 1999. Enquanto investigador associado do British Antarctic Survey, com sede em Cambridge, quis perceber como fazem os albatrozes para encontrar alimento e como são afectados pelo ambiente. “Dantes, os albatrozes ficavam fora dois a três dias e depois voltavam para alimentar as crias. Agora torna-se mais frequente ficarem fora 13 a 15 dias. Quando regressam, os filhotes já morreram”, explicou ao PÚBLICO numa entrevista em 2007.

Em 2004, José Xavier esteve quatro meses a bordo de dois navios para estudar a relação entre a disponibilidade de alimento a predadores do topo da cadeia alimentar e a sua real abundância.

O comité do prémio – no valor de cem mil dólares (cerca de 70 mil euros) - salienta também a sua “liderança” no estudo dos cefalópodes – classe de moluscos marinhos a que pertencem os polvos, lulas e chocos -, nomeadamente através da monografia "Guia de bicos de Cefalópodes para o Oceano Austral " que publicou recentemente e que vai ajudar muitos investigadores da Antárctida.

Também contribuiu para a escolha o papel de José Xavier no estabelecimento de um programa de investigação Antárctida em Portugal durante o ano Polar Internacional (IPY, 2007-2008) e no lançamento de um programa educacional altamente bem-sucedido, LATITUDE 60!, durante o IPY. O Comité Português para o Ano Polar Internacional, para dar mais solidez à investigação, foi reconhecido pelo Ministério da Ciência em Março de 2006 e contou com um grupo de trabalho de cerca de 20 investigadores, espalhados por Lisboa, Évora, Coimbra, Faro, Porto e Açores.

O prémio é apoiado pela Fundação Tinker, cujo director fundador foi Martha T. Muse. O galardão é inspirado na paixão de Martha Muse pela Antártica e pretende ser um legado do Ano Polar Internacional 2007-2008. No ano passado, a vencedora do galardão foi Helen Fricker, glacióloga norte-americana do Scripps Institution of Oceanography da Universidade de Califórnia, em San Diego.

A cerimónia de entrega do prémio irá decorrer na Conferência Mundial sobre biodiversidade marinha, a decorrer em Aberdeen, de 26 a 30 de Setembro.

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