Quercus vai recuperar bosques de amieiro, libélulas e bivalves ameaçados

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Os bosques de amieiros são um habitat prioritário para a Europa PÚBLICO/arquivo

A associação de conservação Quercus vai recuperar bosques de amieiro ao longo de 17 quilómetros de margens do rio Paiva e da ribeira do Torgal, para proteger espécies protegidas e ameaçadas de libélulas e bivalves, num projecto com financiamento europeu.

Os bosques de amieiros são um dos habitats prioritários para a Europa. “Em alguns locais estão bastante bem, mas noutros não”, comenta Paulo Lucas, responsável da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza. “Há sítios em que a exploração agrícola tem empurrado os amieiros para uma estreita faixa, com apenas uma fiada de árvores junto aos rios.”

A perda deste habitat traz consequências para as espécies que dele dependem, nomeadamente três espécies protegidas de libélulas (Oxygastra curtisii, Gomphus graslinii e Macromia splendens) e duas espécies ameaçadas de bivalves de água doce (Margaritifera margaritifera e Unio tumidiformis). Por exemplo, “as populações de bivalves estão prestes a desaparecer destes locais; têm uma população envelhecida por causa de problemas com reprodução”, explicou o responsável. Além disso, os peixes que estes bivalves usam como hospedeiros, durante a fase larvar, estão numa situação de “pré-extinção”, com estatuto de conservação de Criticamente em Perigo.

De 2012 a 2016, o cenário pode mudar com o projecto Ecotone - orçado em 600 mil euros e que vai receber 75 por cento do financiamento através do fundo Life+. As metas do projecto até ao seu término envolvem o restauro de 12 quilómetros de margens do rio Paiva e cinco na ribeira do Torgal. Além destas metas, o projecto quer criar cinco hectares de habitat, para o que vai plantar dez mil árvores, arbustos e vegetação da qual dependem as libélulas, e ainda reforçar as populações de bivalves com a reintrodução de 4500 juvenis.

“Queremos restaurar os bosques de amieiros, criando condições para que se possam desenvolver, e proporcionar micro-habitats, com reentrâncias, vegetação aquática e herbácea para as espécies”.

A Quercus prevê uma lista de medidas que incluem parcerias com autarquias e clubes de caça e de pesca locais e um programa de reprodução ex-situ dos bivalves e dos peixes hospedeiros (truta e o escalo do Mira). “Vamos experimentar a reprodução em cativeiro, em dois portos aquícolas da Autoridade Florestal Nacional, para reforçar as populações no meio natural”, explicou Paulo Lucas ao PÚBLICO.

O projecto Ecotone tem o apoio das Administrações das Regiões Hidrográficas do Norte e Alentejo e do município de Castro Daire e deverá começar em Janeiro de 2012.

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